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Dra. Danielle Negri

Por Danielle Negri, pediatra especializada em neonatologia formada pela Universidade Federal Fluminense Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Saúde
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Como a má alimentação compromete o desenvolvimento infantil?

Brasil possui o quociente de desenvolvimento abaixo do ideal segundo estudo da UFRJ

Por Dra. Danielle Negri
24 nov 2023, 10h04
Como a má alimentação compromete o desenvolvimento infantil? (PEXEL - Jill Wellington/Divulgação)
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Segundo pesquisa do Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (ENANI), da UFRJ, realizado com 15 mil crianças com menos de 5 anos, a falta ou a alimentação de má qualidade está comprometendo o desenvolvimento infantil. Em uma escala em que o ideal é 1,0 o Brasil tem o quociente de desenvolvimento de 0,93. Os números mostram que as crianças demoram mais que o esperado para se desenvolverem fisicamente e intelectualmente. Essa deficiência nutricional ainda pode gerar dificuldade de aprendizagem e doenças como obesidade e diabetes.

È importante ressaltar que os 1.000 primeiros dias da infância são essenciais e decisivos para o acontecimento de distúrbios nutricionais e metabólicos. Nesta fase, inclusive, podem interferir no desenvolvimento e na organização de múltiplos sistemas no corpo, que podem alterar o funcionamento e a regulação, resultando em efeitos maléficos, como a desnutrição e a obesidade.

De acordo com o Ministério da Saúde, mais de 340 mil crianças brasileiras foram diagnosticadas com obesidade entre os 5 e 10 anos. O maior índice da doença está concentrado na região Sul do país, com 11,52%. Logo atrás estão Sudeste, com 10,41%; Nordeste, com 9,67%; Centro-Oeste, com 9,43% e Norte, com 6,93%. A Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN) aponta que a obesidade é um problema de saúde pública e isso deve ser entendido também pela população e principalmente pela família. Para combater a obesidade são necessárias ações integradas durante a infância com o estado, a escola e os responsáveis.

A obesidade na infância é considerada a porta para doenças crônicas, câncer, hipertensão, diabetes, colesterol alto, além de doenças cardiovasculares. A obesidade ainda pode agravar doenças respiratórias como asma e apneia e gerar obesidade mórbida; doenças ortopédicas, como problemas de coluna ou joelhos; dores nas articulações; disfunções do fígado devido ao acúmulo de gordura; acne; assaduras; dermatites e enxaqueca. Também devemos destacar que além dos problemas físicos, a obesidade pode desencadear cenários de doenças mentais e de relacionamento, como depressão, isolamento social, baixa autoestima, solidão, bullying e disfunções alimentares como bulimia e anorexia.

Já em 2022, a desnutrição infantil atingiu o maior número de crianças de até cinco anos de idade em dez anos, com 4.135 crianças internadas, segundo um levantamento da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). Os dados ainda mostram que, em média, 11 crianças nessa faixa etária são internadas, todos os dias. O Nordeste bateu o recorde, com 15,5 mil hospitalizações. Em seguida, vem o Sudeste com 26% das internações, o Norte e o Sul com 14% e por último o Centro-Oeste, com 10%. A criança com desnutrição ainda está sujeita à mais infecções e em casos mais graves pode ocasionar em óbito.

A alimentação na infância deve ser encarada como prioridade e planejamento pela família, entendendo que cada fase merece sua devida atenção, em conjunto integrado com a escola.

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