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Dra. Danielle Negri

Por Danielle Negri, pediatra especializada em neonatologia formada pela Universidade Federal Fluminense Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Saúde
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Como lidar com as crianças sobre separação?

Momento pode impactar o lado emocional, psicológico e até mesmo físico dos pequenos

Por Danielle Negri
Atualizado em 19 Maio 2023, 11h14 - Publicado em 19 Maio 2023, 10h30
Criança triste olhando para um coração de papel.
 (Victoria Rain/Pexels)
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O divórcio é um período extremamente doloroso para as famílias. Só no Brasil atingiu a marca de 386,8 mil casos, no ano de 2021, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). E a grande questão no meio dessa turbulência é: como comunicar aos filhos que estamos nos separando? Afinal, as crianças podem sim sentir os impactos dessa desconstrução familiar e precisam entender a nova configuração do lar.  

Quando o bebê nasce, a primeira instituição que ele irá assimilar é a família. Os vínculos maternos e paternos são verdadeiros fatores que devem ser enraizados, principalmente na primeira infância. As relações com os pais são importantes por toda a vida, mas é nesta fase, marcada desde o nascimento até os 6 anos que a criança consegue ter um forte alicerce, com valores, habilidades cognitivas e sociabilidade para ganhar confiança, conhecimento e ter base para se abrir para o mundo à sua volta e assim poder expandir sua vivência em novas experiências, como conseguir criar novos laços e fazer amizades, por exemplo.  

Muitas crianças, quando não estão sendo blindadas da família pelos conflitos do lar podem reagir à separação em três esferas: emocional, psicológica e até mesmo física. Na primeira, a insegurança e o medo tomam conta do coração e da mente deste pequeno indivíduo que não estava preparado para passar por esse  momento. Alguns questionamentos podem vir à cabeça como: será que não vou ter mais casa? Onde será meu lar? Como escolher quem eu amo mais? Será que meu pai ou minha mãe não me amam o suficiente? A criança pode até se sentir culpada, em muitos casos pelo divórcio, o que nunca será verdade, pois o fim de uma relação só cabe aos pais e jamais aos filhos. E isso deve ser deixado bem claro por ambos.  

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Quando o sentimento de culpa e abandono não conseguem ser tratados e sanados, a criança pode evoluir de quadro e desenvolver traumas psicológicos, que podem ser cruciais e o acompanhar para sempre, como a depressão, crises de raiva, explosividade e o pânico. O stress ocasionado neste período turbulento também pode acarretar uma ansiedade de diferentes graus.   

E quando os reflexos sentimentais e psicológicos do divórcio são somados, o resultado acontece dentro do campo físico. Você já imaginou que isso poderia ocorrer? Dores de cabeça, vômito e náuseas, palpitações, dificuldade para dormir e pesadelos recorrentes são os mais comuns. Se a criança já possuir um pediatra que o acompanhe ao longo da vida e saiba de todo o processo vivenciado, será mais fácil identificar a causa desses sintomas, que não podem ser diagnosticados e apenas medicados com soluções momentâneas, mas sim trabalhados de forma a minimizá-los e neutralizá-los. 

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O desafio é: como mostrar ao meu filho que o porto seguro dele se quebrou? A grande questão é essa, é preciso fazer com que ele entenda que independente da relação dos pais, este “porto seguro” está intacto e o acompanhará para sempre, não importa qual seja a configuração.  Vão algumas dicas:  

  • Se seu filho está na faixa etária de até 2 anos, é necessário ser transparente e objetivo, mas de forma mais suave possível. Olha, a mamãe e o papai te amam muito, e agora vamos ter duas casas: a mamãe na dela e o papai na dele.  
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  • Tenha cuidado com o momento que irá dar esta notícia, pois pode cair como uma bomba no colo das crianças, independentemente da idade. Quando o clima estiver o mais amigável possível e as decisões dos próximos passos do ex-casal já estiverem bem delimitadas, é a hora de conversar com os filhos.  

 

  • Nunca finja sentimentos. Não adianta tentar esconder o que está acontecendo. As crianças sempre percebem! È melhor ser honesto e dizer aos filhos que o amor se transformou em amizade, de uma forma mais saudável para os dois lados.  
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  • Não faça alienação parental! Envenenar a criança sobre um responsável ou outro é crime e a maior vítima sempre será a criança. Use o bom senso e transmita paz e responsabilidade nas suas falas e ações, principalmente diante dos filhos.  

 

Durante o processo de divórcio, é essencial que a criança esteja acompanhada pelo pediatra e por um psicólogo, para que seus sentimentos sejam organizados e alinhados, a fim de não atrapalharem seu amadurecimento enquanto pessoa e o desenvolvimento escolar.  

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