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Eco Couple

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Estamos no mesmo barco: colapso ou mudança de comportamento?

O mundo só será diferente se vivermos diferente

Por Tati Lund e Felipe Villela
17 fev 2020, 10h40
 (Arquivo pessoal/Veja Rio)
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A escolha é nossa. Que mundo queremos deixar para os nossos filhos?
Essa é uma pergunta que não sai da nossa cabeça.

Somos um jovem casal empreendedor que vive a sustentabilidade na prática.
A gente percebeu como é potente o encontro. Unir forças e saberes.

Eu, Tati, alimento as pessoas. Busco entender a inteligência da natureza traduzindo sua potência através da comida. Há 9 anos, a minha casa é o .Org, restaurante-escola sustentável, pioneiro aqui no Rio. Nossos pratos são um ecossistema comestível e um reflexo de toda biodiversidade que nos cerca. Meu maior sonho é levar a sustentabilidade de maneira simples, acessível e divertida para dentro das escolas.
Eu, Felipe, alimento a terra. Meu objetivo é tornar os princípios da agricultura sustentável uma realidade global e regenerar o solo em larga escala. Através da minha empresa reNature, fundada na Holanda, tenho a missão de agroflorestar 1 milhão de hectares até 2030.

Ele me completa e eu completo ele. Mas você também completa a gente.
Por isso, hoje começamos um novo compartilhar em conjunto: a coluna Ecocouple.
Para pensar o planeta em que queremos viver!

Então, vamos falar de sustentabilidade? Assunto chato ou necessário?
Acha que está tudo um caos? Que a nossa sociedade está falida, que a educação existente não cria para o futuro, que o clima está em colapso (com aquecimento global, desmatamento das florestas, mares poluídos e queimadas do Brasil à Austrália), água imprópria para consumo, chuvas cada vez mais devastadoras e que, além disso, nossos governantes são corruptos e as grandes empresas dominam o mercado com ganância e falta de ética?

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O modo dominante de pensar em oposições dualistas não nos deixa ver de maneira ampla. Na natureza, as coisas não são “preto ou branco”, existe uma infinidade de possibilidades no meio do caminho.
Todos participamos da realidade que ajudamos a cocriar. Não vale a pena culpar os “outros”: a falta de liderança política, a ganância, a falta de educação ou as leis inadequadas. Todos nós, quando gastamos nosso dinheiro, elegemos nossos representantes, educamos nossos filhos e fazemos nosso trabalho, nos tornamos cúmplices do sistema até escolhermos agir conscientemente por um futuro próspero. A mudança começa com a gente!

Na verdade, no tempo em que vivemos, já é tarde para falar de sustentabilidade. O quê iríamos sustentar? Manteríamos os mesmos padrões de exploração dos recursos? O mesmo sistema econômico? A mesma desigualdade social?
O agora é momento para pensar em regeneração.
Parece distante, não é?

Basta olhar a história da humanidade para reconhecer um problema crônico de DISSOCIAÇÃO! A floresta dissociada da vida urbana, os seres humanos dissociados do conceito de biodiversidade, os alimentos dissociados da consciência de suas origens, a saúde dos seres dissociada da saúde do meio ambiente…
Construímos um sistema prejudicial à natureza, que degrada o solo, extingue recursos, pressiona os biomas, gera lixo excessivo e diminui a biodiversidade. Perdemos o conhecimento de como viver em harmonia com a natureza e usar sua dinâmica natural.

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Nossa economia atual desrespeita os limites planetários, é focada nas noções de escassez e vantagem competitiva. Aqui, mais é sempre melhor.
Desde 1970 estamos “no vermelho” com a Terra, ou seja, a humanidade tem consumido mais recursos do que o planeta pode regenerar. Para manter o mesmo padrão de consumo atual precisaríamos de 1,75 Planeta Terra. Os custos deste excesso estão se tornando mais evidentes em todo o mundo.

Não estamos aqui para falar dessas questões já tão conhecidas por nós. Queremos trazer e buscar notícias boas! Vamos falar de soluções! A gente acredita na mudança, em uma convivência mais sustentável, com ecossistemas resilientes e funcionais, preservando a vida, regenerando as florestas e promovendo a mitigação das mudanças climáticas.

Está na hora de crescer e amadurecer enquanto espécie humana. Sair da fase “adolescente”, muitas vezes autocentrada e inconsequente, para finalmente entrar na fase “adulta”, mais responsável e que significativamente contribui com o coletivo. Não temos dúvida de que a humanidade pode evoluir sua consciência para construir uma parceria viável entre humanos e planeta Terra. Por aqui, abordaremos temas como agricultura sustentável e agrofloresta, alfabetização ecológica, alimentação consciente, economia circular e colaborativa, gestão inteligente de resíduos e recursos, consumo atento e comunicação para o novo mundo.

Uma comunidade humana sustentável terá que ser planejada de tal maneira que os seus estilos de vida, tecnologias e instituições sociais respeitem, apoiem e cooperem com a capacidade inerente de manter a vida na Terra.
A natureza só sustenta a vida por meio da criação de redes. Redes de apoio. Por isso, nosso convite é para viver as questões em conjunto. Só assim criaremos a base para uma cultura regenerativa.
A resposta, nós não temos. Mas precisamos começar a dialogar.
O mundo só será diferente se vivermos diferente.

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