Praias cariocas enfrentam um dilema entre a natureza popular e o salto comercial. Muitas mundo afora o encaram cedo ou tarde. Na maioria dos casos, cedem ao avanço do privado sobre o público.
A elitização transcorre, certas vezes, gradual, como uma ferrugem lenta. Noutras, o despejo das cangas irrompe que nem um tsunami. Inunda cada milímetro com serviços pagos.
O equilíbrio entre a vocação social e a exploração econômica revela-se um desafio premente. Indica o curso da nossa integridade urbana nas próximas décadas.
Praças e praias constituem mais do que espaços de convivência. São lubrificantes comunitários oxigenados pela diversidade.
O avanço dos negócios praianos, importante à geração de renda e emprego, não deve negligenciar a dimensão plural dessas fontes expressivas também de riquezas socioculturais. Preservá-las seria uma condição inflexível às concessões que se alastram na orla.
Tal zelo alarga o abraço à saúde física e mental. Poucas cidades reúnem um playgroud esportivo tão atraente, tão sortido, irresistível a moradores e visitantes. Inclui das prosaicas caminhadas e pedaladas ao onipresente beach tênis, do frescobol e do surfe às aulas de boxe, ioga, ginástica, do futevôlei e da altinha ao imortal golzinho de chinelo, do spinning no Posto 9 e das braçadas na Praia Vermelha ou em Copa às esticadas de stand-up até as ilhas próximas.
O vasto repertório estende um tapete vermelho à dose semanal de exercícios recomendada pela Organização Mundial da Saúde: de 150 e 300 minutos. Ao lado da alimentação balanceada e das boas noites de sono, previnem ou controlam ameaças como diabetes, problemas cardiovasculares, câncer, depressão.
O programa agrega o benefício da vitamina D, sintetizada majoritariamente pelo sol. O nome camufla sua relevância: corresponde a um hormônio que orquestra várias funções orgânicas, inclusive do sistema imunológico.
Isso não dispensa a aplicação disciplinada dos protetores solares, reiteram os dermatologistas. Exposição excessiva e cumulativa aos raios ultravioletas aumenta o risco de tumores na pele.
Beber água sistematicamente, evitar temperaturas extremas e baixa umidade, exercitar-se com prescrição e orientação adequadas são cuidados igualmente indispensáveis. Pavimentam a segurança e a regularidade que convertem o esporte em esteio à vida saudável.
Extrair o melhor da praia para o bem-estar exige esforços individuais e coletivos. Depende, antes de tudo, do empenho em tornar a prática esportiva hábito equivalente a uma refeição diária. A fartura lúdica no calçadão, na areia, no mar ajuda a imunizá-lo dos boicotes de plantão: preguiça, falta de tempo, intempérie climática.
Às autoridades municipais e federais, impõe-se o dever constitucional de democratizar o acesso ao amplo cardápio esportivo embalado pela brisa marítima. E de incorporá-lo a uma política de Saúde menos voltada a apagar do que a prevenir incêndios.
Noutras palavras, praia não é resort. É um sagrado quintal de lazer popular, saúde, cidadania.
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Gigantes na bola e na prosa
O Rio ficará pequeno para tamanha reunião de bambas, diria o velho narrador. Vitoriosos por times memoráveis do Fluminense, nos anos 70 e 80, o lateral Marco Antônio e o meia Deley vão relembrar histórias marcantes, folclóricas, terça agora (6), às 19h, no Pizza Park da Cobal de Botafogo. Aberta a cornetadas do público, a conversa inaugura a série Encontro de Gigantes, lançada pelo Museu da Pelada.
Completam a programação de fevereiro o papo inspirado no icônico Vasco campeão carioca de 1977 (20/2), com as prováveis participações de Zé Mário, Wilsinho, Zanata (Marco Antônio também integrava aquela equipe); e a prosa com uma dupla de zagueiros emblemáticos e vitoriosos do Flamengo (27/2): Mozer e Rondinelli, o Deus da Raça, autor do gol decisivo no Estadual de 1978. Esses encontros, às terças, retomam a tradição das resenhas com ex-jogadores e personagens do futebol organizadas pelo fundador do Museu da Pelada, o jornalista, empresário e, claro, peladeiro-raiz Sérgio Pugliese.
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Corredores globais
A Asics abre 100 vagas, neste ano, para o FrontRunner, time de corredores amadores apoiado pela marca. Provenientes de 33 países, cultivam o princípio de casar a paixão esportiva com afagos ao corpo, à mente, às relações sociais. As inscrições para integrar a comunidade global, fundada em 2012, estendem-se até 29 de fevereiro, na página eletrônica do grupo.
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Na cadência da saúde
O calor intenso e a maratona de blocos exigem do folião algumas táticas para o corpo não desafinar. O manual de sobrevivência reúne precauções simples e complementares: dormir bem, manter-se hidratado, não abusar do álcool, fazer refeições leves e nutritivas, combinando frutas, legumes, verduras, massas integrais, carnes magras, sem excessos de açúcar, sal e gordura.
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Alexandre Carauta é jornalista e professor da PUC-Rio, integrante do corpo docente da pós em Direito Desportivo da PUC-Rio. Doutor em Comunicação, mestre em Gestão Empresarial, pós-graduado em Administração Esportiva, formado também em Educação Física. Organizador do livro “Comunicação estratégica no esporte”.