Beth Carvalho é uma das mais importantes artistas do país, disso ninguém duvida. A cantora, que ajudou a tirar do anonimato muitos dos maiores sambistas da nossa história, foi criada na zona sul do Rio de Janeiro em uma família de classe média. Apesar de ter começado a cantar influenciada pela Bossa Nova e a tocar violão, ouvindo os acordes de João Gilberto, Elizabeth Santos Leal de Carvalho se consagrou no samba. Fã de Clementina de Jesus e Elizeth Cardoso – cantoras para quem dedicou seu primeiro álbum de samba (“Canto Por um Novo Dia”) – Beth se entregou aos ritmos da periferia e mudou a história do gênero musical mais popular do país.
Cinegrafista amadora, Beth registrava suas gravações, as festas em família, os pagodes que frequentava e todos os sambistas que passavam por seu caminho. Tudo isso deu origem a mais de 2000 horas de registros audiovisuais que foram decupadas pelo diretor Pedro Bronz e roteirizadas por ele com o auxílio luxuoso do jornalista, especializado em samba, Leonardo Bruno.
Devota de Nelson Cavaquinho, Beth dedicou um álbum inteiro ao compositor (“Nome sagrado – Beth Carvalho canta Nelson Cavaquinho”, lançado em 2001). Além de Nelson, imagens raras do encontro entre Beth e Cartola, autor de dois grandes sucessos na voz da artista, “O mundo é um moinho” e “As rosas não falam”.
A relação de Beth com o Cacique de Ramos também é bastante presente no longa. Imagens descontraídas ao lado de Almir Guineto, Jorge Aragão, Zeca Pagodinho, Arlindo Cruz, Luiz Carlos da Vila, entre outros tantos nomes de diferentes gerações que tiveram suas composições registradas, estudadas e gravadas na voz da cantora. Beth soube usar seus privilégios para dar espaço a artistas que, talvez, jamais conhecêssemos se não fosse seu faro garimpeiro.
O nome do documentário homenageia uma das canções mais conhecidas da história da música popular brasileira, Andança. Composta em 1968 por três jovens músicos, Edmundo Souto, Danilo Caymmi e Paulinho Tapajós, Andança ficou em terceiro lugar no Festival Internacional da Canção – ficando atrás de Pra Não Dizer Que Não Falei Das Flores, de Vandré, e de Sabiá, de Chico Buarque – e levou o de Beth Carvalho, então com 19 anos, aos holofotes.
Ao longo de seus mais de 50 anos de carreira, Beth nos presenteou com incontáveis sucessos, eternizados por sua voz inconfundível. Tudo isso está presente no longa que estreia amanhã, dia 2 de fevereiro, nas principais salas de cinema do Rio e de São Paulo.