Arrepiada, o novo disco de Julia Mestre
Integrante do Bala Desejo lança segundo álbum solo e se consolida como uma importante voz da sua geração
Acompanhei esse disco desde o início. Julia Mestre é habitué da minha casa e durante seu processo criativo, trocamos bastante. Julia é daqueles talentos natos que vi “crescer” e se tornar uma importante voz de sua geração. Compõe, toca instrumentos e ouve música de gerações que vieram bem antes dela desde criança.
ARREPIADA vem depois de Geminis (2019) e desde ontem à noite pode ser ouvido em todas as plataformas de streaming de áudio. O trabalho apresenta uma Julia, até então, desconhecida do público. Mais feminina, imagética e impactante. “É meu grito de liberdade: exprime a sensação que eu gostaria que as pessoas tivessem ao ouvir o meu trabalho”, define Julia.
Após uma baita projeção e consciente da visibilidade que sua banda, Bala Desejo, ganhou, Julia se revela mais pop e assina as canções com outros compositores de sua geração. Ana Caetano (duo Anavitória), João Gil (Gilsons), Dora Morelenbaum, Zé Ibarra e Lucas Nunes (seus companheiros de banda) e a dupla de produtores musicais Lux & Tróia (Duda Beat). No único feat do disco um encontro transatlântico com a cantora, compositora e instrumentista MARO (Portugal). “Chamei MARO para cantar comigo porque apesar da letra apontar o caos do mundo, achei bonito ter duas vozes femininas encerrando o disco, acho oportuno duas mulheres de língua portuguesa, com vivências diferentes, estarem juntas reverenciando a deusa música. Sempre me identifiquei com o timbre de voz de MARO, grave e ‘soproso’ como o meu. Brinco dizendo que é o dueto das cantoras roucas”, explica.
ARREPIADA é disco para várias audições, é álbum para degustar devagar – camada a camada. São onze faixas, a maioria escrita durante a pandemia, sendo dez inéditas e uma releitura de Clama Floresta, canção gravada no disco SIM SIM SIM, do Bala Desejo.
Lux Ferreira assina a produção musical do álbum que traz ainda uma forte referência norte-americana, a cantora Billie Eilish. “Foi depois de assisti ao documentário dela produzindo dentro do quarto junto com seu irmão, que percebi que também queria fazer aquilo. Nunca gostei de gravar voz em estúdio, sempre achei o ambiente frio. Quis cantar num ambiente mais acolhedor, dentro de um quarto, relaxada. E foi assim que gravamos e produzimos todas as músicas do disco, dentro do quarto do Lux durante a pandemia”, finaliza.
A música título ganhará um clipe na próxima segunda. Já vi e posso garantir, vai te arrepiar também.