Nina Simone (1933-2003) nasceu na Carolina do Norte, Estados Unidos. Foi pianista, cantora, compositora e comprometida com o ativismo pelos direitos civis dos negros. Seus pais eram pastores metodistas e Nina teve o primeiro contato com a música na igreja. O racismo, que marcou sua vida, também lhe fechou muitas portas mas ela nunca deixou de refletir seu tempo através da própria arte. Nos anos 1960, Nina gravou “Mississippi Goddamn” e a canção foi tida como hino político porque sua letra, cheia de raiva e desespero, retratava a dura realidade de pessoas pretas. Bia Ferreira tem 28 anos, nasceu em Carangola, Minas Gerais, e foi criada em Alagoas, Sergipe. É cantora, compositora, rapper, multi-instrumentista e costuma utilizar de técnicas neurolinguísticas para compor e facilitar a compreensão da sua mensagem pelo público. Filha de uma tradicional família evangélica, Bia, assim como Nina, teve suas primeiras referências musicais na igreja. Mas as coincidências não param por aí. A vida de Bia também é marcada pelo racismo estrutural e em 2011 compôs a música que a colocou como uma das grandes revelações da música brasileira contemporânea e da luta antirracista, “Cota não é esmola”. A canção retrata o sistema de cotas proposto pelo Ministério da Educação para beneficiar a população pobre, preta, parda e indígena brasileira.
Não será a primeira vez que vou entrevistar a Bia e certamente está longe de ser a última. Ela é minha convidada no FARO da próxima quinta, 29, às 22h, na Nova Brasil FM. Desde o início da pandemia, a artista está focada em preparar seu próximo álbum que será lançado pela Natura Musical e distribuído pela Altafonte Brasil, duas empresas focadas em fomentar a música brasileira, especialmente a cena independente. Contemplada no edital da marca de cosméticos esse ano, Bia foi selecionada junto a outros 42 novos projetos por uma banca composta de 29 profissionais das mais diversas áreas do mercado da música. O sucessor de “Igreja Lesbiteriana, Um Chamado” promete letras com fortes posicionamentos em causas sociais e de gênero.