Fiz jornalismo porque é uma profissão que tem muito a ensinar. Falo bastante, mas quando estou exercendo meu ofício, prefiro ser só ouvinte. Assim faço com o FARO, semanalmente, na rádio Nova Brasil FM, e no Papo de Música, meu canal no Youtube.
Esta semana coloquei no ar uma entrevista com a cantora cabo-verdiana Mayra Andrade. Ela nasceu em Cuba, mas com apenas 20 dias foi pra Cabo Verde e fez daquele país seu lugar de origem. Anos depois, morou na Alemanha, fixou-se por anos na França e hoje é radicada em Lisboa, cidade epicentro da música lusófona.
O interessante na sonoridade de Mayra é a mistura. Talvez ela seja uma das artistas contemporâneas mais bem-sucedidas neste quesito: mistura sonora. O crioulo, gênero musical de origem cabo-verdiana, é a base de sua obra e é nessa base que se cruzam referências brasileiras, a urbanidade do jazz parisiense e, mais recentemente, a música feita em Portugal.
Em 2013, ela encantou o mundo com o álbum “Lovely Difficult” e sua música universal que nunca se encaixou em rótulos óbvios como World Music. Dividiu o palco com gente célebre como Cesária Évora, Chico Buarque, Caetano Veloso e Charles Aznavour e consolidou-se como uma das vozes mais relevantes da nova geração.
Intérprete consciente do potencial de sua voz, Mayra assina também como compositora as canções de seu álbum mais recente, “Manga”. As treze faixas exploram a diversidade cultural da artista e mescla suas raízes cabo-verdianas com as batidas do afrobeat. Afeto abre o disco, é cantada em português e um belo exemplo dessa música sem fronteiras proposta por Mayra, fundindo a delicadeza de sua voz com timbres eletrônicos e guitarras africanas.
Nessa entrevista exclusiva, que faz parte da websérie PONTE AÉREA: PORTUGAL BRASIL, Mayra afirma que arte é liberdade. E eu que, durante essa pandemia sem fim, fui salva pela poesia da artista em muitos momentos, fico feliz em amplificar sua voz.