Paula Fernandes fala sobre saúde mental e machismo no meio da música
Cantora e compositora sertaneja é a sexta convidada da temporada 2021 do Papo de Música
Mais uma entrevista bonita, elegante e sincera está no ar no canal Papo de Música. Impressiona a forma como artistas são capazes de gerar conexão rapidamente quando provocados da maneira certa. E aqui falo sem modéstia nenhuma. Num momento em que muitos jornalistas musicais precisaram se render – por opção ou falta dela – à audiência retirando frases de contexto para aumentar o engajamento em matérias superficiais, é muito gratificante, pessoalmente, e oportuno, profissionalmente, colocar no ar toda semana longas entrevistas com artistas sem qualquer viés sensacionalista. Ao contrário, todas as entrevistas giram em torno exclusivamente da deusa música. E ela é fio condutor para outras pautas urgentes como feminismo, posicionamento, política, machismo, racismo…
Nesta terça (8) entrou no ar a sexta entrevista da temporada 2021 do meu canal no Youtube. Este ano, por falta de patrocínio, só produziremos treze entrevistas pré-gravadas. Depois de Marcelo D2, Joelma, Samuel Rosa, Mônica Salmaso e BNegão, a mineira Paula Fernandes é minha convidada da semana e ela prova que determinação, disciplina e foco estão em sua trajetória desde criança. Vencedora de dois Grammy Latino, um no ano de 2016 e outro em 2020, a cantora sertaneja, precursora da geração do chamado “feminejo”, fez uma retrospectiva de sua carreira passando por temas importantes como saúde mental e machismo no meio da música.
A seriedade e foco com que encara o trabalho trouxeram outro desafio que Paula levou para nossa conversa. Ela conta que precisou enfrentar e superar rótulos e revela que não se encaixava no que era esperado de uma pessoa na indústria sertaneja: “Eu sempre fui muito séria. Mais um motivo para dizerem que eu sou metida ou que eu sou antipática. Mas eu estava ali para fazer o meu trabalho”. Ao recusar jantares e festas pós-show, preferindo o descanso em momentos de intervalo, a cantora se via incompreendida: “Não estava ali para tomar cachaça com o contratante, não estava ali pra poder ficar de ‘trelelê’ com ninguém. Isso foi mal visto muitas vezes”, relata.