O Brasil se rendeu aos versos de Samuel Rosa ainda nos anos 90, quando a banda mineira Skank deu seus primeiros passos na indústria musical. De lá pra cá, o quarteto construiu uma carreira muito bem sucedida, com inúmeros hits radiofônicos – a maioria composto por Samuel – e se tornou ícone do pop nacional.
Numa rara entrevista após o anuncio do fim da banda Skank, Samuel conversou comigo e foi categórico ao rejeitar o título de rockstar: “Eu não me considero roqueiro”.
Samuel faz parte de uma geração de músicos que ele próprio considera “mais democrática” porém aponta um desgaste na cena. “O rock se tornou aquilo que ele combatia. Deixou de ser o lugar de transgressão, ou de ter isso como pilar, há muitos anos”, justificou. “Se você falar que o Skank é uma banda de rock, eu digo ‘não’. Mas o Skank faz rock brasileiro, que é o que o Gilberto Gil faz, é o que o Mutantes fez”, complementou. E ainda cravou: “Rock não é algo parado. É uma categoria em movimento. Então, quando eu vejo o rock indo para esse lado conservador, eu digo ‘eu não quero estar nessa prateleira de algo estagnado, dogmático'”.
Falando sobre movimento, inclusive, o mineiro comenta o motivo de o Skank ter anunciado o encerramento das atividades (Samuel investirá na carreira-solo). “O Skank já tem o jogo ganho. E pra gente, que trabalha com criatividade, isso nos dificulta. O monótono, o cotidiano, ele de, certa forma, te conforta, mas ele também te mata aos pouquinhos, te sufoca… Isso é em tudo na vida”, analisa. “A banda encerrou um ciclo, já mostrou a que veio e não dá, agora, para a gente ficar só em cima do que foi criado”, concluiu.