Nesta sexta-feira, dia 2 de abril, é comemorado o Dia Mundial de Conscientização do Autismo. A data foi criada pela ONU, em 2007, com o objetivo de trazer mais informação e esclarecimentos à sociedade sobre o transtorno do espectro autismo (TEA), que atinge 1 a cada 59 crianças, de acordo com o Centers for Disease Control and Prevention, nos Estados Unidos.
O Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) é um transtorno do neurodesenvolvimento, crônico e de início precoce. Caracterizado pelo comprometimento persistente na comunicação e na interação social, é caracterizado por apresentar padrões restritos e repetitivos de comportamentos, interesses e atividades, com grande variação no grau de intensidade.
A regressão do desenvolvimento, ou perda de habilidades, como linguagem e interesses sociais, afeta cerca de 1 em cada 5 crianças que serão diagnosticadas com autismo. A maioria das crianças ainda é diagnosticada após os 4 anos de idade, embora o autismo possa ser identificado com segurança já aos 2 anos. De acordo com as pesquisas, meninos são 4 vezes mais propensos a serem diagnosticados dentro do espectro autismo do que as meninas (um em cada 37 meninos e uma em cada 151 meninas).
Se em 2004 um em cada 166 pessoas tinha autismo, em 2018 a proporção já era 1 a cada 59 pessoas. Embora tal crescimento não tenha uma explicação clara em 44% dos casos, já se sabe que algumas das causas do crescimento do transtorno são ajuste ao diagnóstico correto de autismo ao invés de retardo (27%) e filhos de pais mais velhos (11%), por exemplo.
O Transtorno do Espectro Autismo é uma doença democrática: afeta todos os grupos étnicos e socioeconômicos, embora grupos minoritários tendem a ser diagnosticados mais tarde e com menor frequência.
Em muitos casos, o autismo se apresenta acompanhado de outros transtornos, como TDAH (afeta cerca de 30% a 61% das crianças com autismo), transtornos de ansiedade (cerca de 11 a 40% das crianças e adolescentes no espectro do autismo) e depressão (cerca de 7% das crianças e 26% dos adultos com autismo).
Embora haja uma série de mitos irresponsáveis, não há meios de prevenção para o autismo comprovados pela ciência. Nas últimas duas décadas, uma extensa pesquisa se debruçou sobre a relação entre a vacinação infantil e o autismo e os resultados foram categóricos: vacinas não causam autismo.
Se o autismo não tem cura, ao menos a notícia alentadora é que o tratamento precoce oferece melhor oportunidade para apoiar o desenvolvimento saudável e fornecer benefícios ao longo da vida.
Fabio Barbirato é psiquiatra pela ABP/CFM e responsável pelo Setor de Psiquiatria Infantil do Serviço de Psiquiatria da Santa Casa do Rio. Como professor, dá aulas na Pós Graduação em Medicina e Psicologia da PUC-Rio. É autor dos livros “A mente do seu filho” e “O menino que nunca sorriu & outras histórias”. Foi um dos apresentadores do quadro “Eu amo quem sou”, sobre bullying, no “Fantástico” (TV Globo).