Meu filho é uma criança que gosta de esportes. Sempre gostou. Do futebol ao automobilismo, seus olhos brilham quando o assunto é uma disputa esportiva. Eu e a mãe dele sempre estimulamos esse interesse, não apenas porque esporte faz bem à saúde, mas também porque a prática esportiva oferece uma série de aprendizados que podem marcar a educação das crianças.
A partir desta semana, a bola rola no Catar. Olhos e corações estarão voltados para a disputa que mais mobiliza corações e mentes. Alguns dos principais ensinamentos que as competições esportivas deixam às crianças e jovens são:
- Respeitar as regras do jogo e o resultado – Qualquer prática esportiva é regida por regras claras e de conhecimento de todos os competidores. Isso faz com que vencedores e perdedores aceitem o resultado da partida. É uma excelente oportunidade para que as crianças entendam que qualquer competição – dentro ou fora dos campos – se submete a regras e reconhecer o vencedor é parte do jogo.
- A cultura do ódio é nefasta – a prática esportiva, em especial o futebol, envolve paixão. E ela é tranquilamente aceita se não falta com o respeito a ninguém. Recentemente vimos episódios lamentáveis, no Brasil e no mundo, de ofensas racistas contra jogadores negros. São episódios que nos envergonham como sociedade. O esporte é uma bela oportunidade para ensinamos nossos filhos a serem empáticos em questões raciais, religiosas e sexuais.
- Aprender a perder – Dentre os muitos desafios que se impõem aos pais na educação de uma criança, um dos mais desafiadores é ensiná-los a perder e a ganhar. O conceito de perder envolve reconhecer e valorizar o esforço empreendido numa partida, por exemplo. Quantos jogadores dão o seu melhor em campo e ainda assim saem perdedores? Em seguida à derrota, é preciso analisar o que pode ter sido feito de errado e saber recomeçar.
- Aprender a ganhar – Em paralelo, ganhar também envolve uma série de ensinamentos: ser humilde, saber que a condição de vencedor é temporária e não tripudiar do perdedor. Há lições para todos. Aos vencedores, a comemoração. Aos derrotados, resta esperar a próxima partida.
- Conviver com a diferença – Uma torcida é composta pelas mais diferentes pessoas, seja de idade, de raça ou condição social. Qualquer criança se torna mais respeitosa e intelectualmente mais rica quando convive com a diversidade e a diferença. Quem convive com pessoas diferentes, tende a ser mais tolerante, empático e respeitoso.
Fabio Barbirato é médico psiquiatra pela UFRJ, membro da Academia Americana de Psiquiatria da Infância e Adolescência e responsável pelo setor de Psiquiatria Infantil da Santa Casa do Rio. Como professor, dá aulas na PUC-Rio. Foi um dos apresentadores do quadro “Eu amo quem sou”, sobre bullying, no “Fantástico” (TV Globo).