Fábio Barbirato

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Psiquiatra infantil
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Os autistas adultos, no cinema e na vida

Morte de Michael Rutter e novo filme nas salas de cinema levam à reflexão sobre os autistas adultos

Por Fabio Barbirato
Atualizado em 9 nov 2021, 15h17 - Publicado em 9 nov 2021, 11h29
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  • Morreu no último outubro uma das figuras mais importantes na história da psiquiatria infantil. Além de grande produção intelectual, o inglês Michael Rutter foi o responsável pela mudança de visão da origem do autismo em crianças. Por conta de suas pesquisas, hoje sabe-se que fatores genéticos tem papel relevante no desenvolvimento do transtorno. Seus estudos ajudaram a afastar mitos como a ideia que o autismo se tratava de uma forma infantil de esquizofrenia.

    A partir da segunda metade de sua longa carreira de quase seis décadas, Rutter se debruçou sobre os desafios que autistas mais velhos enfrentam. Muitas das crianças que Rutter diagnosticou como autistas estão agora na faixa dos 60 ou 70 anos – muitos ainda lembram de como seu método de se aproximar e tratar das crianças era diferente dos demais profissionais.

    “São autistas adultos que tem a consciência do quanto devem a Rutter, especialmente se retrocedermos a um tempo em que havia muito pouco entendimento e apoio a eles, tanto das crianças e adolescentes autistas, como suas famílias”, afirma Patricia Howlin, uma das colegas de trabalho de Rutter no Instituto de Psiquiatria, Psicologia e Neurociência na renomada instituição King’s College, em Londres.

    Coincidentemente, acaba de estrar no circuito das salas de cinema do Rio o filme israelense “Lá Vamos Nós”. Dirigido por Nir Bergman, o filme conta a delicada história do autista Uri e seu pai, Aharon, que dedicou a vida a cuidar do filho, como é tão comum entre pais de autistas. Pai e filho vivem uma rotina tranquila, de certa forma apartados do mundo real. Mas Uri, como um jovem adulto autista, precisa deixar a casa e seguir para uma instituição especializada. Alegando que o filho não está preparado para a separação deles, Aharon decide fugir com o filho e, juntos, vivem uma jornada de descobertas.

    O tema dos autistas adultos é cada vez mais frequente, à medida em que esta população diagnosticada na primeira infância, torna-se cada vez mais velha. Embora não haja muitas pesquisas sobre o autismo entre adultos, estima-se que 2,21% dos americanos com mais de 18 anos tenham autismo, ou seja, mais de cinco milhões de pessoas, número bastante expressivo. Se a sociedade tem pouca prática em lidar com crianças e jovens no espectro autismo, tem ainda menos habilidade com autistas adultos, que desejam e podem amar, trabalhar e ter uma vida produtiva.

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    Dentro do espectro autismo, há pessoas que tem autismo severo, que terão mais dificuldade de se desenvolver, e os que tem um autismo leve, com mais facilidade de desenvolvimento. Cabe a nós, a inteligência e capacidade de absorvê-los, dar a eles o máximo de autonomia possível e integrá-los à vida cotidiana. É uma forma justa e adequada de honrar o legado de Sir Michael Rutter e todos os benefícios que ele trouxe a crianças e jovens, a gerações.

    Fabio Barbirato é psiquiatra pela ABP/CFM e responsável pelo Setor de Psiquiatria Infantil do Serviço de Psiquiatria da Santa Casa do Rio. Como professor, dá aulas na pós-graduação em Medicina e Psicologia da PUC-Rio. É autor dos livros “A mente do seu filho” e “O menino que nunca sorriu & outras histórias”. Foi um dos apresentadores do quadro “Eu amo quem sou”, sobre bullying, no “Fantástico” (TV Globo).

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