Goste ou não de reality shows, uma coisa não se pode negar: mesmo revestidos pelo exibicionismo, seus participantes acabam por revelar – muitas vezes sem querer – comportamentos e pontos de vista relevantes para a sociedade. Nesse sentido, talvez o Big Brother seja o maior expoente, tanto pela longevidade do programa como pela diversidade dos brothers. Em 21 edições, já se discutiu racismo, machismo e homofobia, por exemplo.
Vez ou outra, o Big Brother Brasil também serve de plataforma para reflexões e esclarecimentos sobre assuntos de saúde mental. Isso aconteceu exatamente na semana passada. Um dos participantes mais populares do programa, o ator e cantor Fiuk revelou que sofre de TDAH. Mas afinal, o que é o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade?
O TDAH é um distúrbio neurobiológico que tem como principais características a desatenção, a impulsividade e a hiperatividade e atinge até 6% da população mundial. Tais comportamentos podem levar a prejuízos na vida escolar. “Eu estudava, chegava em casa e minha mãe ficava passando as coisas. Tinha as piores notas, era bizarro. (…) Fui crescendo e quis saber o que era isso que eu tenho, fui ficando inquieto. Será que minha cabeça é limitada?”, relatou Fiuk no programa.
A ciência ainda não se sabe ao certo as causas do transtorno, entretanto são considerados fatores genéticos e ambientais. A hora de procurar ajuda é quando a desatenção ou agitação em demasia prejudica as atividades funcionais regulares das crianças, como os estudos, leitura ou a prática de exercícios.
O filho de Fabio Jr completou o desabafo afirmando que foi alvo de muito bullying nos tempos de escola, em consequência da sua dificuldade de interação. “Os moleques acabavam comigo. Eu não conseguia ser amigo de ninguém. As meninas sempre ficavam com dó, mas até a minha pré-adolescência foi brabo. (…) Eu sempre tinha que me isolar, sentar no canto da sala”, desabafou o cantor.
O tratamento pode envolver desde mudanças de hábitos, a fim de organizar uma rotina para a criança, até psicoterapia e uso de medicamentos. Várias atividades podem trazer benefícios na busca por foco, para que se lide com mais saúde diante das situações cotidianas o resto da vida, tendo em vista que o TDAH acompanha as crianças até a fase adulta. Para isso, é fundamental o diagnóstico de um médico.
Fabio Barbirato é psiquiatra pela ABP/CFM e responsável pelo Setor de Psiquiatria Infantil do Serviço de Psiquiatria da Santa Casa do Rio. Como professor, dá aulas na Pós Graduação em Medicina e Psicologia da PUC-Rio. É autor dos livros “A mente do seu filho” e “O menino que nunca sorriu & outras histórias”. Foi um dos apresentadores do quadro “Eu amo quem sou”, sobre bullying, no “Fantástico” (TV Globo).