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Fabio Szwarcwald

Por Fabio Szwarcwald, colecionador de arte e gestor cultural Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
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A relevância das ações educativas nos museus e centros culturais

É preciso pensar as instituições de arte não só como territórios de fruição estética, mas como espaços de fortalecimento das noções de cidadania

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Atualizado em 19 Maio 2023, 22h49 - Publicado em 19 Maio 2023, 16h32
Comunidade de Ouro Preto (MG) em atividade proposta pela equipe de educação do projeto Arte nas Estações.
Comunidade de Ouro Preto (MG) em atividade proposta pela equipe de educação do projeto Arte nas Estações. (Fabio Szwarcwald/Divulgação)
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Quem me acompanha sabe que tenho como rotina a visita a centros culturais, museus e galerias. Esse hábito quase que diário, somado às gestões do MAM Rio e da Escola de Artes Visuais do Parque Lage, me trouxe a percepção da relevância da atuação dos programas educativos nesses espaços.

Durante a pandemia, os educadores foram os primeiros colaboradores a serem afastados das instituições e, nos últimos meses, assistimos à gradativa retomada do trabalho de mediação que dinamiza e transforma por completo a experiência do público diante de uma exposição de arte.

Quando há oferta de visita mediada, uma relação horizontalizada de diálogo e de trocas se estabelece, levando em consideração os saberes dos visitantes e valorizando a sua contribuição ativa. Os educadores são preparados para adequar as propostas práticas de atividades paralelas às mostras, conforme as demandas específicas de seus públicos.

Se no eixo Rio-São Paulo a intervenção das equipes de educação nos museus e centro culturais é essencial, no interior do país essa mediação pode ser revolucionária.

No projeto Arte nas Estações, que leva parte do acervo do Museu Internacional de Arte Naif a três cidades de Minas Gerais, temos visto exemplos reveladores da potência desse trabalho. O desenvolvimento de ações educativas neste tipo de projeto funciona não só para atrair público, mas para construir informação a partir das narrativas que os artistas populares e as obras trazem consigo, convocando os visitantes a estabelecer relações entre os seus cotidianos e a produção artística apresentada.

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Esse trabalho de mediação levou professores da rede municipal de Ouro Preto, onde o Arte nas Estações atua, a transferirem suas salas de aula para o espaço expositivo. Lá, o educativo recebeu também um grupo de mulheres frequentadoras do Centro de Referência de Assistência Social e a situação de vulnerabilidade de muitas delas encontrou eco nas obras presentes na exposição, que se tornou uma espécie de vetor de redes de solidariedade, afeto e cuidado.

Conselheiro Lafaiete, outra cidade contemplada pelo mesmo projeto, realizou, a partir do programa público de educação, uma das experiências mais radicais de aproximação da cena local ao envolver a “Cavalgada do Batom”, que levou dois carros de boi para dentro da exposição. O gesto é importante por conectar elementos representados nas pinturas naïf à própria realidade do território: o público pôde observar o carro de boi retratado nas telas e o carro de boi real.

Outro exemplo relevante da potência da intervenção de educadores aconteceu durante a temporada da exposição Queermuseu – Cartografias da diferença na arte brasileira, no Parque Lage. Muito se falava à época sobre a falta de representatividade queer da mostra. Esta lacuna foi preenchida na montagem carioca ao convocarmos exclusivamente pessoas LGBTQIA+ para compor a equipe de educação.

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É preciso pensar as instituições de arte não só como territórios de fruição estética, mas como espaços ativos de escuta, construção de saberes, interpretação de culturas e fortalecimento das noções de cidadania. Isso se desdobra na ampliação do repertório cultural dos visitantes, promovendo uma reflexão acerca dos valores e contribuindo para o respeito às diferenças.

Para tanto, é fundamental o investimento na formação de educadores capacitados e de novos agentes para o sistema da arte, que tem as suas complexidades.

Nesse sentido, ressalto a qualidade dos programas de formação do MAR, do MAM Rio e da EAV Parque Lage. Outra iniciativa interessante é o Veredas, um festival de arte contemporânea com programação inteiramente on-line e gratuita, até 26 de maio. Já na 2ª edição, o projeto realiza oficinas, palestras, cursos e leituras comentadas com convidados de peso como Benjamin Seroussi, Carmela Gross, Daniel Jablonski, Jochen Volz e Lenora de Barros. Voltado a artistas, curadores, educadores e produtores culturais, o festival tem como foco a capacitação de novos agentes para o setor artístico.

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Precisamos difundir essas ações para que o estado e a iniciativa privada entendam que investir nessas frentes é necessário e urgente. A arte, com suas rupturas do cotidiano, é capaz de subverter nosso olhar sobre as coisas e o mundo. E as visitas mediadas e o serviço educativo colaboram na construção dos processos de inclusão e na democratização do acesso. Avançar é preciso.

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