Fabio Szwarcwald

Por Fabio Szwarcwald, colecionador de arte e gestor cultural Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
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Museus são espaços seguros

Dirigentes das mais relevantes instituições de cultura do país ressaltam os benefícios do contato presencial com a arte e afirmam que visitação é segura

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Atualizado em 28 Maio 2021, 01h07 - Publicado em 25 Maio 2021, 20h04
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  • Com a chegada da pandemia e da consequente imposição do isolamento social, os museus ao redor do mundo têm disponibilizado seus acervos de forma digital. Mas é fato que uma imagem projetada na tela ou uma visita virtual não substitui a experiência presencial (e as diversas sensações experimentadas) diante da obra de arte. Forma, cor, peso, volume e escala em relação ao corpo do espectador dependem do encontro: a arte produz presença.

    No atual contexto, esta vivência in loco pode provocar medos e angústias. Desde o início da pandemia, tenho lido pesquisas que quantificam o aumento de fobias sociais, dos índices de depressão e das crises de ansiedade entre pessoas que cumprem as recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS) quanto ao isolamento. É inegável o impacto do confinamento de mais de um ano na saúde mental dos indivíduos mundo afora.

    Mais do que nunca, a cultura, em suas diversas manifestações, tornou-se um fundamental canal de escape da solidão, oferecendo alento e expansão psíquica (falei sobre isso na minha segunda coluna aqui). Não à toa, cresce o consumo de produtos culturais e de entretenimento, e amplia-se o tempo diário investido em atividades artísticas, na busca por mentes equilibradas.

    Dito isso, temos um ponto a refletir: visitar ou não visitar presencialmente os museus?

    Parto aqui de dados objetivos e do protocolo sanitário adotado pelo MAM Rio, para que cada leitor decida por si, tendo como base informações asseguradas.

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    A circulação simultânea de público na área expositiva do museu – que soma cerca de 4.400m², com pé direito entre 3,50m e 7,70m (no Salão Monumental) – se restringe a 200 pessoas por hora. Este número é inferior ao permitido pelas regras municipais, nos garantindo uma visitação sempre arejada e um tanto dispersa pelos três andares do MAM.

    Ao chegar, o público encontra marcações no piso que orientam uma possível fila de acesso. Há aferição de temperatura, tapetes sanitizantes e totens de álcool em gel. Por ora, não há qualquer proposta de interatividade com as obras em exibição. O uso de máscaras é obrigatório para staff e público, e todos os funcionários (que também usam face shield) estão orientados a não permitir máscaras mal colocadas, abaixo do nariz ou do queixo. Quem o fizer, será prontamente abordado. O agendamento on-line está disponível e não é necessário passar pela bilheteria.

    Vale informar, ainda, que durante o ano passado efetuamos a higienização completa dos dutos de ar condicionado do Bloco Expositivo. E a rotina de limpeza dos corrimãos, bem como dos banheiros, foi desde então intensificada.

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    Sobre este tema, conversei com dirigentes de algumas das mais relevantes instituições de cultura do país, que ressaltam os benefícios do contato presencial com a arte e reafirmam a segurança da visitação:

    “O acesso à cultura e ao patrimônio é fundamental para o bem estar das pessoas e da sociedade, sempre e especialmente em tempos de incerteza e muito sofrimento. O contato presencial com arte alimenta a imaginação, e é essa imaginação que precisamos para inventar um outro futuro”, reflete Jochen Volz, diretor da Pinacoteca do Estado de São Paulo.

    Para Ricardo Piquet, diretor presidente do Museu do Amanhã, “reabrir os museus é poder oferecer à sociedade uma oportunidade para distensionar as duras consequências de tempos de restrições e confinamento, com protocolos de segurança e certeza de informações confiáveis, característica de espaços museais”.

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    De acordo com Adriano Pedrosa, diretor artístico do MASP, a visita ao museu paulista hoje segue os mais rigorosos protocolos de segurança, higiene e circulação de pessoas: “Temos um número bastante reduzido de visitantes, o que proporciona uma visita muito tranquila, agradável e com grande distanciamento. Este é um momento muito difícil para todos nós, e a visita a um museu e o contato com as artes visuais talvez sejam das atividades mais seguras, acolhedoras e transformadoras que podemos fazer no espaço público”.

    “Após um ano pautado pela digitalização dos trabalhos, seguimos entusiasmados na reconexão do MAR com o seu público, transcendendo redes e computadores, e renovando a experiência sensorial que as visitas presenciais oferecem. Sempre, claro, zelando pela segurança das pessoas como uma garantia inegociável”, avisa Raphael Callou, diretor do Museu de Arte do Rio.

    Lauro Cavalcanti, diretor da Casa Roberto Marinho, no Rio, informa que a instituição também cumpre todas as precauções exigidas pelos parâmetros de saúde, oferecendo uma visitação segura e bem sucedida que restaura o contato direto com as obras de arte, sempre que as regras municipais o permitem.

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    Segundo Pedro Mastrobuono, presidente do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), o atual isolamento social pode gerar, ainda que involuntariamente, um segundo isolamento, de natureza emocional, deflagrando mecanismos inconscientes de defesa: “A arte tem esse condão, não apenas de reverberar nosso grito sufocado por ajuda, mas também de reverter a tentativa de sufocar nosso emocional, nosso conformismo com o número de mortos e consequente indiferença ao sofrimento. Emoções sublimadas em telas e outros suportes, perfazem caminhos não cartesianos e nos tocam em nossas dores camufladas, escondidas ou sufocadas. O ser humano sofreu com a devastadora peste bubônica, com a varíola, com a cólera, com a tuberculose. Emoções sublimadas em miríades de obras de arte. Hoje em dia, os museus presenciais, com seus protocolos de segurança, permitem esse aprendizado lúdico e terapêutico, que nenhum telejornal jamais alcançará”.

    Estou plenamente de acordo com todos eles. É possível visitar museus e espaços culturais, nesse momento, de forma responsável e consciente. Bares, supermercados, shoppings, restaurantes e bancos oferecem riscos altíssimos, mas museus são espaços seguros. E, como contrapartida, nos oxigenam, liberam tensões, fomentam o pensamento e injetam esperança.

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