O que a juventude espera/deseja de um museu de arte? Como ter um discurso acessível a esse público? De que forma o MAM Rio pode ser mais inclusivo?
No texto inaugural desta coluna, publicado há um ano (em 2 de março de 2020), ressaltei a responsabilidade de resgatar a vocação original do MAM Rio fundada no tripé arte, educação e cultura. E me comprometi a pensar de que maneiras a instituição poderia agir, eliminando fronteiras e provocando ações participativas, tendo como base a certeza de que um museu deve ser bem mais do que um espaço de conservação e exibição.
No último dia 24 de fevereiro, o MAM lançou seu programa de residências para 2021, que integra as ações de retomada do Bloco Escola e estabelece uma cultura de desenvolvimento de programas de formação. Criando múltiplas frentes de interlocução com diferentes públicos, as oportunidades incluem cinco projetos voltados a adolescentes, professores, artistas, pesquisadores, curadores e profissionais com deficiência. São ao todo 38 vagas, com bolsas de até R$ 5 mil e programas que chegam a durar oito meses. A iniciativa traz para o museu a oportunidade de interação com projetos culturais de grande relevância nos cenários nacional e internacional.
Dentre as cinco residências de 2021, vou me ater aqui à “Germinadora”, consagrada a um público carente de políticas públicas. Trata-se de um laboratório de criação voltado a jovens estudantes entre 14 e 18 anos, de escolas públicas e privadas do município do Rio de Janeiro, que queiram assumir junto ao MAM a responsabilidade de repensar e ativar o museu a partir de reflexões entre juventude, arte, cultura e patrimônio.
Durante seis meses, os selecionados vão trabalhar em dupla, com remuneração mensal de R$ 1 mil (por dupla), no desenvolvimento de uma pesquisa para identificar problemas internos no museu no que tange a mobilidade, comunicação, acesso e outros pontos estratégicos. Posteriormente, através de mentorias com a equipe de Educação do MAM e com profissionais convidados, serão estimulados a construir soluções compartilhadas.
O que a juventude espera/deseja de um museu de arte? Como o MAM pode dialogar com os jovens? De que forma o museu pode ser mais inclusivo? Como ter um discurso acessível a esse público? Estas questões devem pautar a discussão dos projetos residentes.
Além de oferecer um processo de capacitação ao longo de seis meses, a Germinadora abre um espaço experimental relevante de escuta, que requalifica o MAM Rio na relação com esses jovens. Esperamos construir um espaço genuíno e efetivo de trocas, criando uma dinâmica que mescla formação e protagonismo, estimulando a capacidade de resolução de problemas de modo coletivo.
Cabe afirmar que esse programa deveria ser política de estado. Diante da lacuna deixada pelo poder público, é importante que as instituições de cultura atuem de forma propositiva como agentes de transformação social. Queremos fazer do MAM Rio uma plataforma de reverberação cultural, que apoia a prática artística e investe em programas de formação, a partir da interlocução direta com as mais diversas camadas da sociedade.
O edital da Germinadora será lançado no dia 12 de abril, com inscrições até 12 de maio. Para mais informações sobre a íntegra do Programa de Residências MAM 2021, acesse: https://mam.rio/residencias/programa-residencias/.