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As NOVAS vozes da cena musical brasileira contemporânea
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5 perguntas para Thathi

Uma baiana arretada

Por Fabiane Pereira
Atualizado em 26 jun 2018, 20h49 - Publicado em 26 jun 2018, 20h48
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  • Conheci pessoalmente a cantora, compositora e multi instrumentista baiana Thathi há uns cinco anos. Na época, a artista ainda estava dando os primeiros passos em sua carreira e seu timbre vocal chamou minha atenção. Thathi circula desde então no cenário independente da música brasileira mas já participou de grandes shows e dividiu o palco com nomes consagrados como Caetano Veloso, Djavan, Nando Reis e Zeca Baleiro.

    Como compositora, Thathi tem parcerias com Luiza Possi, Isabella Taviani, J. Veloso e mais recentemente com o poeta cearense Bráulio Bessa. O single Recomece, letra de Bráulio e música de Thathi, já chegou em todas as plataformas digitais e é a primeira faixa do terceiro álbum de carreira que a artista lançará no início de agosto. A canção ainda traz a participação de Ana Vilela, compositora e intérprete do hit chiclete “Trem Bala”.

    Recomece ganhou um clipe produzido em parceria com a ONG TETO que atua há mais de 10 anos no Brasil e é associada à organização internacional TECHO, presente em 19 países da América Latina, para garantir o direito à moradia nas favelas mais precárias e invisíveis da América Latina, através de Programas Sociais que geram soluções concretas de melhorias das condições de moradia e habitat. Construir casas para quem sempre viveu em condições precárias é um verdadeiro recomeço.

     

    Recomece // Se refaça // Relembre o que foi bom // Reconstrua cada sonho // Redescubra algum dom //  Reaprenda quando errar // Rebole quando dançar” são alguns dos versos da faixa.

     

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    Cinco perguntas para Thathi

     

    FP: Recomece é o primeiro single do seu novo disco. Como surgiu sua parceria com Bráulio Bessa?

    T: Bráulio Bessa é um poeta que eu sempre admirei muito, já vinha acompanhando seu trabalho e fiquei ainda mais encantada depois que conheci a história de vida dele. Bráulio é um defensor da nossa cultura nordestina e através de sua poesia, vem transformando a vida de muita gente. Eu estava passando por um momento de muita reflexão, muitos questionamentos, quando, numa manhã de sexta, ouvi Bráulio declamando na TV, o seu poema “Recomece”. Tocou meu coração de tal forma, que senti uma vontade enorme de musicar essa linda mensagem de amor e esperança. Entrei no meu home studio e a música aconteceu de uma maneira muito verdadeira. Não nos conhecíamos pessoalmente, por isso enviei minha versão pelas redes sociais e depois de um tempo ele me respondeu: “Oi Thathi, perdão, só vi a mensagem agora. Fiquei encantado e emocionado com a canção. Obrigado por tornar meu poema em algo universal através da música. Já ouvi mais de 30 vezes. Revirei seu canal, você é de muita luz! E agora minha parceira”. E assim foi nosso primeiro contato. Fiquei muito emocionada e feliz e daquele momento em diante, nasceu uma amizade entre nós. Ele já veio à Salvador algumas vezes, passamos horas conversando sobre nossas histórias, sobre música e poesia.

     

    FP: “Recomece” tem a participação da cantora Ana Vilela, um fenômeno na internet. Como surgiu este encontro entre vocês?

    T: Conheci primeiro – e virtualmente – o David, violonista dela. Alguns dias depois, eles vieram para Salvador fazer show e acabamos nos encontrando. Quando eles retornaram para uma segunda apresentação, saímos para jantar e coincidentemente eu tinha acabado de fazer a música Recomece. Fui pra casa e, no caminho, meu baixista me mandou uma mensagem dizendo que uma “voz” tinha soprado no ouvido dele que eu devia chamar a Ana pra participar da gravação. Depois disso, mandei a canção pra ela escutar e ela me retornou dizendo que queria participar da faixa.

    FP: Como foi o processo de produção artística do seu novo trabalho?

    T: Todos os meus álbuns anteriores foram produzidos por outros profissionais, produtores renomados, que eu admirava muito, que acreditavam em mim e tinham afinidade musical com meu trabalho, como o Ricardo Fegalhi, Robertinho de Recife e outros. Os resultados sempre foram excelentes mas nunca consegui me ver inteira nesses discos, sempre tinha um pouco a mais do outro neles. Eu comecei sentir a necessidade de produzir algo que tivesse 100% do que sou, da minha essência, de como sinto as canções que eu componho. Tenho um home studio,  comecei a gravar, a fazer as prés, pensar nos arranjos das músicas e depois finalizei junto com meu baixista André Luba, que toca comigo desde o início da minha carreira.

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    FP: Quais as principais diferenças artísticas que seu público encontrará neste novo trabalho?

    T: Na minha concepção, é um disco mais maduro, as composições são mais reflexivas, fala muito da vida, da esperança e do amor. Tudo com muita leveza, refletindo meu momento atual. Trouxe esses sentimentos para os arranjos também, nos instrumentos escolhidos, na maioria com uma sonoridade mais acústica e até as guitarras, que sempre foram tão presentes e fervorosas nos meus trabalhos, agora são menos distorcidas, tudo mais clean e calmo. Fiz questão de gravar vários instrumentos, para imprimir ainda mais minha personalidade no disco. Toquei violões, guitalele, piano e as guitarras. Posso dizer que meu público encontrará uma Thathi muito mais conectada com sua verdade.

    FP: Você é uma artista que transita bem entre a nova cena musical e nomes consagrados. Como você vê o atual momento da música brasileira e de que forma, você como artista independente, se articula pra promover a circulação do seu trabalho?

    T: Transitar entre a nova cena musical e artistas consagrados é algo que me deixa feliz e realizada, pois sou fruto dos meus ídolos e, ao mesmo tempo, semente regada à novas experiências. A música é um elemento transformador, atemporal, não vivemos sem ela, o universo é recheado de sons, de mensagens musicadas e, através delas, podemos fazer um mundo muito melhor. Ao mesmo tempo, enxergo, com certa fragilidade, o atual momento da música brasileira, no que diz respeito ao que é produzido sem consistência, sem recheio, produtos simplesmente descartáveis, fabricados para o consumo de um mercado pouco exigente e superficial. Entretanto, temos muitos artistas maravilhosos na cena, que ainda não tiveram a oportunidade de ter a sua música divulgada com maior amplitude. Talvez falte mais equilíbrio nesta balança. Acredito que hoje a internet e suas redes sociais sejam as principais ferramentas de conexão com as pessoas e, por isso, tento estar cada vez mais próxima dos meus fãs através delas, sempre com muito respeito e carinho com quem está do outro lado. Esse público acaba sendo um grande divulgador do meu trabalho, é como se fosse um time, com união e cumplicidade. Além disso, não deixo de investir e buscar outros veículos de comunicação, que pra mim são de vital importância e ainda muito presentes na vida da gente, como as rádios, jornais, revistas, programas de TV, entre outros.

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