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As NOVAS vozes da cena musical brasileira contemporânea
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Bota na sua cabeça que isso aqui vai render!

Eu acredito no poder transcendente e transformador da música, da educação e da sororidade.

Por Fabiane Pereira
Atualizado em 8 nov 2017, 10h29 - Publicado em 7 nov 2017, 14h22
Divulgação (Divulgação/Facebook)
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Peguei emprestado os versos da música “Vai render” da Letícia Novaes, aka Letrux, para nomear a coluna desta semana. Certamente, a esta altura do ano, todos que estão lendo este texto já sabem que a Letícia lançou um dos melhores discos do ano. Letícia é o tipo de mulher que, hoje, chamamos de “empoderada”: cantora, compositora, atriz, escritora, astróloga nas horas vagas e dona do seu próprio nariz. A artista ficou conhecida do público como vocalista da banda Letuce (ao lado do músico Lucas Vasconcellos) e seu talento rapidamente despertou a curiosidade dos mais atentos. Letrux em Noite de Climão não é só um baita disco. É também uma baita reflexão porque é canto falado então dá a impressão que ela tá narrando “pertinho do nosso ouvido” os encontros e desencontros desta geração que vive na “era da pós verdade”. Ah vale dizer também que Letícia levou o Prêmio Multishow na categoria “melhor disco” concorrendo com Ele, Chico Buarque. A B A F A.

Mas falando em premiações, no próximo dia 28 de novembro vai rolar em São Paulo o Women’s Music Event Awards by VEVO. Pela primeira vez na história da música brasileira, as mulheres serão homenageadas por seus trabalhos e legados. Com o objetivo (louvável) de reconhecer a importância do feminino no mercado da música no Brasil, a premiação foi desmembrada em três frentes: voto popular, voto técnico e homenageadas pelo conjunto de sua obra. Entre os nomes indicados, estão AnittaKarol Conká, Elza Soares, Letícia Novaes (olha ela aí, de novo!), Linn da Quebrada As Bahias e a Cozinha Mineira.

Há várias categorias. Entre as populares, os votos vão para melhores cantoras, DJs, músicas álbuns, clipes do ano e artista revelação. Já as categorias do júri técnico incluem melhor diretora de clipes, empreendedora musical, instrumentista, jornalista, produtora e radialista (e, nesta categoria, para minha surpresa e êxtase, fui indicada). Fátima Pissara, Claudia Assef e Monique Dardenne têm todo meu respeito e admiração. Isso é o que eu chamo de power trio.

Monique Dardenne, Fatima Pissarra e Claudia Assef
(Divulgação) ((Divulgação)/Arquivo pessoal)

E já que o assunto é mulheres, circulou pela internet nos últimos dias um vídeo emblemático. Candidatas ao título de “Miss Peru 2018” transformaram um dos eventos mais machistas do mundo num grito de liberdade promovendo o feminismo. Em vez de exporem suas medidas (em 2017, quem liga pra isso?), TODAS as candidatas ressaltaram os índices alarmantes de feminicídio, tráfico de mulheres, abuso sexual, assédio nas ruas e violência contra as mulheres no país.

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Sei que este espaço é dedicada à música e não quero que pense que estou fugindo do assunto. Foi em 1968 que um grupo de ativistas americanas protestou contra os absurdos padrões de beleza impostos às mulheres queimando sutiãs. Este episódio é umas das principais metáforas do feminismo. Em 2017, ser mulher junto com outras mulheres é das coisas mais potentes que eu já vivi, ainda mais neste momento simbólico da luta feminista em todo país, em que várias hashtags cobram, diariamente, uma maior participação das mulheres na sociedade, e essa cobrança também cresce nas ruas – principalmente nas capitais, onde as denúncias de violência contra mulheres subiram 40% nos últimos meses apenas via ligação para o 180. Por isso, aponto e realço a importância destes três episódios: uma mulher lançar um dos melhores discos do ano com faixas autorais que exaltam as próprias sensações; um prêmio dedicado exclusivamente para promover as mulheres num mercado ainda muito machista e candidatas de um concurso de beleza bastante sexista darem voz a números que precisam ser escancarados.

Fico por aqui ratificando que eu acredito no poder transcendente e transformador da música, da educação e da sororidade. Afinal, praqueles que ainda não entenderam que igualdade (em todas as áreas) é premissa de um mundo mais justo: bota na sua cabeça que isso aqui vai render!

***

Dica de SHOW: quarta (08/11), o Circo Voador vai receber um tributo ao gênio Luiz Melodia. A lona da Lapa vai se transformar na ‘Estação Melodia’, um ponto de encontro para grandes amigos, parceiros e admiradores do eterno negro gato. Entre as atrações, Qinho e Omar Salomão se apresentarão juntos em dois números: Negra Melodia e Pra Aquietar. O músico e o poeta são grandes amigos e juntos já formaram a banda VulgoQinho&OsCara. Tenho certeza de que será uma noite antológica!

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