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Recordar é viver

Como a vida é cíclica, os artistas voltaram a investir nos registros audiovisuais graças ao aumento do alcance do Youtube.

Por Fabiane Pereira
16 Maio 2018, 15h06
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    Faço parte daquela turma do rolê que foi adolescente na década de 90. E sobreviveu, óbvio. Já superei quase todos meus ideais românticos que foram construídos a cada temporada da série Barrados no Baile. Mas ainda cultivo o hábito de ler várias revistas ao mesmo tempo e recortar frases emblemáticas para pregar na cortiça do meu homeoffice (nada mais “anos 90” que cortiça, não é mesmo?).

    Já contei aqui que ganhei meu primeiro vinil aos sete anos mas foi aos treze que comecei a colecionar os discos dos meus artistas preferidos e a me relacionar, afetivamente, com a música. Lembro das inúmeras vezes que liguei pra rádio Cidade do Aço, em Volta Redonda, para pedir determinada música. Na sexta ia ao ar um programa que só tocava “as mais pedidas da semana” e conseguir completar a ligação, neste dia, era um feito e tanto. Quando lembro desta época, também me recordo da quantidade de vezes que desejei a morte do locutor, por ele soltar a vinheta da emissora bem no meio do refrão da minha música favorita – e geralmente eu estava gravando-a no walkman (walkman consegue ser mais “anos 90” que cortiça).

    Outra recordação que gosto de ter é da MTV Brasil. A emissora chegou no país em outubro de 1990 e, ao longo de toda a década, cativou adolescentes e jovens adultos. Eu adorava ter um canal para assistir aos meus clipes favoritos, conhecer novos artistas e falar sobre eles com meus colegas de escola. Por anos desejei ser como a Sabrina Parlatore e Astrid Fontenelli – como a Astrid eu desejo ser até hoje. Ô mulher porreta! -, minhas VJ’s preferidas.

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    Hoje parece impossível mas a MTV dos anos 90 agradava a todos os públicos. Bastava gostar de música que você se sentia em casa. Tinha espaço para as mais pop, para o rock, o heavy metal, pras músicas nacionais, pro dance music, pro rap e até para os  obscuros “lados B” que só os super cools conheciam. Se nos anos 80 às rádios foram as principais responsáveis por lançar novos artistas, nos 90, a MTV assumiu este papel e durante anos lançou músicas, tendências e, claro, nomes que hoje têm suas carreiras consolidadas na história da música popular brasileira.

    Como a vida é cíclica, os artistas voltaram a investir nos registros audiovisuais graças ao aumento do alcance do Youtube. O que quer dizer, em bom português, que os clipes estão de volta. Artistas, de todos os segmentos, estão lançando novos singles junto com imagéticos clipes. Muitas canções são amplificadas após terem seus clipes lançados. Outras ganham uma bela sobrevida e há ainda aquelas inexpressivas nos dials mas com grande potencial digital.

    Esta semana, o músico capixaba SILVA, lançou o clipe da música “A Cor é Rosa” junto com o primeiro single homônimo do seu novo trabalho – já disponível em todas as plataformas digitais. Em 2016, SILVA já havia lançado um clipe que amplificou muitíssimo a canção Feliz e Ponto. Em breve, ele lançará outro single em dueto com a diva pop Anitta. Taí um ótimo exemplo de artista que sabe que “recordar é viver” e usa isso a favor da sua música.

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    #ficaadica: o rapper Rael estreou hoje em seu canal no Youtube a série #RaelConvida. O primeiro registro áudio visual celebra uma amizade de 20 anos com o também rapper Criolo. Juntos, eles reverenciam a música de uma maneira muito intimista. Vale acompanhar.

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