Olá, me chamo Fabiane Pereira e há alguns anos apresento o FARO, programa de rádio transmitido na SulAmérica Seguros Paradiso FM (95.7), todo domingo, às 22h. Começo esta coluna de estreia com uma pequena introdução sobre mim porque ninguém tem a obrigação de saber quem são os colunistas deste site (!) mas é sempre bom a gente ter alguma informação sobre o autor do texto que estamos lendo (!!), né?
Trabalho em rádio há mais de uma década e já perdi as contas de quantas vezes ouvi a pergunta: “qual o segredo para tocar no rádio?” Talvez só Michael Sullivan, o maior hitmaker deste país, tenha esta resposta. Talvez nem ele.
Muita gente ouve rádio sem prestar atenção e normalmente são essas pessoas que vivem repetindo (como matracas) que “não se faz mais música como antigamente”. Nessas horas, lembro de Tom Jobim, o maestro soberano, dizendo que “existe a boa música ruim e a péssima música boa”. Tocar no rádio não faz nenhum artista tornar-se popularesco e não tocar também não transforma nenhum artista num muso cult.
Em 2017 – o ano passou tão rápido que nem dá pra acreditar que hoje já é novembro -, é interessante perceber que há um imenso desencontro entre artistas e público de MPB e artistas e público de gêneros mais populares. Isso diz, a meu ver, muito mais sobre a nossa sociedade do que sobre a música produzida no Brasil.
“O FARO é um programa de nicho”, dizem os executivos das grandes gravadoras (elas ainda existem!). Eu me recuso a concordar. Recuso porque tenho como premissa a construção de pontes – não de muros – e um produto nichado é um produto restrito a um gueto e o FARO é um programa que toca t-u-d-o que rola de novo na produção musical contemporânea e tem tanta coisa nova rolando por aí que espanta-me que estejamos praticamente sozinhos no dial.
Por isso para ajudar, ainda mais, a democratizar os espaços midiáticos, passo a assinar, semanalmente o FARO na WEB. Esta coluna marca o início das comemorações pelos 10 anos de programa no dial que será celebrado, em grande estilo, com várias ações ao longo de 2018, incluindo um grande festival.
Não tá confortável pra ninguém mas prefiro enxergar o copo “meio cheio”. Repare que no meio desta loucura toda, o César Lacerda lançou um álbum lindo. No momento em que a arte está sendo criminalizada por (des)governos, a Tiê tá construindo pontes através de um duo certeiro ao lado de Luan Santana na canção Duvido, faixa de Gaya, seu quarto disco. É bem verdade que os conservadores perderam a vergonha de exporem suas ideias preconceituosas todavia Tulipa Ruiz segue cantarolando os versos “dependendo do gosto, gosto; pode ser que quem fique sobre sobre; pode ser que quem pegue leve leve“, em seu novo single GAME.
Ninguém disse que seria fácil e eu sigo acreditando, uma hora por semana, que vai dar certo apesar de sermos filhos de um tempo onde os laços se tecem por fios e entradas USB.