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Hollywood

Antigamente, os contratos publicitários exigiam um dia, no máximo dois, de trabalho do ator. Cedia-se a imagem por um ano, seis meses, ou um mês, dependendo do interesse da marca, mas as campanhas se reduziam a um filme e uma sessão de fotos. Hoje, a necessidade de atender às novas mídias aumentou sensivelmente o envolvimento […]

Por Daniela Pessoa Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 25 fev 2017, 19h11 - Publicado em 5 abr 2013, 20h07

Antigamente, os contratos publicitários exigiam um dia, no máximo dois, de trabalho do ator. Cedia-se a imagem por um ano, seis meses, ou um mês, dependendo do interesse da marca, mas as campanhas se reduziam a um filme e uma sessão de fotos. Hoje, a necessidade de atender às novas mídias aumentou sensivelmente o envolvimento dos garotos-propaganda. É preciso negociar mais filmes, mais fotos e mais dias de labuta.

Como gravo semanalmente Tapas & Beijos no Rio, tenho implorado para que a produção dos comerciais seja feita aqui, e não em São Paulo, como é o costume. As agências têm sido compreensivas, mas a precária situação dos estúdios cariocas tem se mostrado um empecilho grave para atrair o mercado de publicidade. Apesar da imensa demanda, o Rio não dispõe de nenhum espaço decente para filmagens.

O Polo de Cinema da Barra é uma iniciativa boa e inacabada. Na minha última experiência lá, a agência de propaganda argentina saiu horrorizada. O ar-condicionado não dava conta do calor e as instalações eram canhestras.

Os portenhos reclamaram e a produtora de São Paulo explicou que, devido à minha agenda, todos se viram obrigados a enfrentar o primitivismo do balneário. O Rio desperdiça a sua vocação natural para o audiovisual.

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Outro dia, levei um susto quando percebi que falta um ano para a Copa do Mundo e três para a Olimpíada. Eu imagino o desespero para dar conta do rojão de tantas obras, não quero ficar lembrando o que o Rio não tem; mas, em nome da fotogenia da Cidade Maravilhosa, da proximidade estratégica do dinheiro de São Paulo e no intuito de aproveitar a entrada de investimentos que não voltará a ocorrer depois dos Jogos, peço à iniciativa privada e aos poderes públicos que atentem para a carência de bons estúdios na Guanabara.

Procuro, sempre que posso, trazer meus trabalhos para cá, mas fica difícil justificar o transtorno. Tenho certeza de que os argentinos que vieram filmar aqui, e que possuem a conta de diversas empresas multinacionais, não recomendarão
o Rio nas suas empreitadas futuras.

Trabalho no Projac. Cada vez que eu cruzo a roleta da portaria de entrada me dá vontade de ajoelhar. É uma sensação muito impactante. E não falo de luxo, não. O que impressiona é o investimento bem aplicado. Quando o complexo de Curicica foi construído, o gigantismo, a distância, tudo parecia exagero. Hoje ele já é pequeno.

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Fiz uma novela nos estúdios da TV Globo da Von Martius em 1986. As camareiras dormiam sobre as roupas, espremidas em camarins pouco maiores do que um armário. A sala dos atores parecia um engarrafamento de estrelas. Três novelas ocupavam uma sala relativamente pequena, com alguns sofás espalhados e um cafezinho. Você cruzava com a viúva Porcina, o Sinhozinho Malta, com Tarcísio e Glória, todos acampados pelo chão. Era divertido, mas muito acanhado.

A cidade do Rio está um pouco como a Von Martius, à espera de um Projac que amplie seu horizonte de negócios.

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