Com o advento repentino da pandemia, no começo de 2020, milhões de pessoas se viram forçadas a trabalhar de casa. De uma hora para a outra, lares se transformaram em escritórios. Sem aviso prévio, o ambiente doméstico, despreparado para funcionar como local de trabalho por longas jornadas, precisou se adequar às necessidades laborais.
À época, os relatos eram de exaustão com a dupla ou tripla jornadas, tendo que dar conta do trabalho, da casa e dos filhos. Quem pagou o preço mais alto foi a saúde: houve um aumento real de sedentarismo, alimentação irregular, excesso de consumo de álcool e remédios para dormir. Os empregadores também alegam prejuízos mediante a perda da cultura das empresas com a falta de convívio dos colaboradores em um mesmo ambiente.
Agora, três anos depois, com a pandemia da Covid-19 controlada, a discussão muda de foco. Manter ou não manter o trabalho híbrido? O mercado de trabalho tem se esforçado para encontrar o equilíbrio ideal entre o trabalho presencial e o remoto. As empresas defendem a produtividade. Os colaboradores, por sua vez, resistem em voltar aos escritórios, exigindo mais autonomia: se eles se mantem produtivos, alegam, por que retornar aos escritórios? O impasse ainda parece longe de uma solução definitiva.
A pesquisa “Tendências do home office no Brasil”, realizada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e divulgada mês passado, 57,5% das empresas (chegando a 65,5% no setor de serviços) chegaram a adotar o home office de forma parcial ou total, em 2021. Já em outubro de 2022, o percentual de empregadores que ainda adotavam a modalidade de trabalho havia caído para 32,7%. De acordo com os especialistas, tudo indica que a queda deve se acentuar nos próximos meses. Segundo as empresas, houve uma redução de produtividade de acordo com 19,4% das entrevistadas que usaram o trabalho remoto durante a pandemia.
Já do lado dos colaboradores, a percepção é diferente. Segundo eles, o trabalho não pode ser mais visto como uma questão de remoto ou presencial, foi o que concluiu uma pesquisa realizada pela C.Lab, Ginger Strategic Research e Innova.La, que investigou o cenário do ambiente de trabalho pós-pandemia. Entre os funcionários entrevistados, 83% preferem o trabalho híbrido, por verem vantagens como não enfrentar trânsito (66%), poder passar mais tempo com a família (58%) e ter horários mais flexíveis (38%).
No entanto, o trabalho integralmente à distância também traz desvantagens aos colaboradores. Entre elas, a pesquisa descobriu que 72% relatam como um ponto negativo, a diminuição da convivência em equipe, 31% apontam a falta de comunicação, 29% veem dificuldade em conciliar as agendas e 13% reclamam da falta de estrutura em casa. De acordo com a sondagem, o desafio dos líderes será justamente gerenciar as complexidades do trabalho híbrido.
Presencial, remoto ou híbrido, o importante é que os colaboradores não negligenciem de um estilo de vida saudável. Está provado que quem faz refeições balanceadas, consome bebidas alcoólicas de forma controlada, não fuma, tem sono regenerador pratica exercícios físicos e mantém os exames regulares em dia adoece menos e tem mais qualidade de vida.
Saúde é prevenção!
Gilberto Ururahy é médico há mais de 40 anos, com longa atuação em Medicina Preventiva. Em 1990, desenvolveu a Med Rio Check-up, líder brasileira em check-up médico. É detentor da Medalha da Academia Nacional de Medicina da França, Conselheiro estratégico da ABRH-Brasil e autor de quatro livros: Como se tornar um bom estressado (editora Salamandra), O cérebro emocional (editora Rocco), Emoções e saúde (editora Rocco) e Saúde é Prevenção (editora Rocco), com o médico Galileu Assis, diretor da Med Rio Check-up.