Há um bom tempo, a ciência se dedica a estudar as causas que levam às doenças neurodegenerativas e como prevenir-se delas. Cerca de 55 milhões de pessoas em todo o mundo sofrem da doença, de acordo com a OMS, das quais 2 milhões apenas no Brasil, com a estimativa de uma enorme subnotificação – calcula-se que apenas 20% dos casos são diagnosticados no país, segundo o Ministério da Saúde.
A tendência é que o número de casos cresça: segundo a publicação científica The Lancet Public Health, a expectativa é que as doenças como a demência tripliquem em todo o mundo – conforme conclusão do estudo Global Burden Diseases.
Para se evitar esse quadro, uma comissão de cientistas de diversas nacionalidades publicou na The Lancet uma série de fatores que podem ser decisivos para se evitar a progressão de ocorrências da doença. Tendo como base dados de nove mil brasileiros, um grupo de pesquisadores brasileiros se dedicou a estudar estes fatores de risco e concluiu que 48,2% dos casos de demência no país poderiam ser prevenidos.
Dentre os potenciais causadores de demência, destacam-se fatores que são reiteradamente apontados como de risco não apenas para demência, mas também outras doenças, como obesidade e hipertensão. De acordo com uma das autoras da análise, a pesquisadora Claudia Suemoto, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, apenas de 3 a 5% dos casos de demência têm causa genética. Em 95% das ocorrências, ela aparece em função de fatores passíveis de prevenção. Por exemplo: de acordo com os pesquisadores, a hipertensão na meia-idade está diretamente associada ao crescente risco de demência na terceira idade. Além disso, o diabetes, se não controlado, também é considerado um dos principais fatores que podem levar à demência.
Para se evitar a hipertensão, a obesidade, o diabetes e outras comorbidades que podem desencadear doenças como a demência, é fundamental praticar um estilo de vida saudável. A saber: manter o peso corporal, fazer atividades físicas regulares, alimentar-se de forma saudável (com baixo consumo de gorduras, sal e açúcar), dormir noites de sono reparadoras, consumir bebida alcoólica com moderação, evitar o tabagismo e manter os exames preventivos em dia são ótimos aliados na busca pela longevidade com autonomia. Os pesquisadores ressaltam ainda a importância de se manter distante de poluição, manter uma vida social ativa, preservar a saúde mental, proteger a audição e evitar lesões cerebrais.
Saúde é prevenção!
Gilberto Ururahy é médico há mais de 40 anos, com longa atuação em Medicina Preventiva. Em 1990, criou a Med Rio Check-up, líder brasileira em check-up médico. É detentor da Medalha da Academia Nacional de Medicina da França e autor de quatro livros: Como se tornar um bom estressado (editora Salamandra), O cérebro emocional (editora Rocco), Emoções e saúde (editora Rocco) e Saúde é Prevenção (editora Rocco), com o médico Galileu Assis, diretor da Med Rio Check-Up.