Quem faz o alerta é uma das maiores autoridades em tratamento de câncer no Brasil. De acordo com o documento “Estimativa 2023 – Incidência de câncer no Brasil”, do Instituto Nacional do Câncer (INCA), o país deve registrar cerca de 700 mil novos casos de câncer por ano, entre 2023 e 2025. Ou seja, mais de dois milhões de brasileiros serão diagnosticados com um novo tumor, benigno ou maligno, no próximo triênio.
Foram estimadas ocorrências para 21 tipos de tumor mais incidentes no país. Depois do câncer de pele não melanoma (31%), aparecem o câncer de mama (10,5%), próstata (10,2%), cólon e reto (6,5%), pulmão (4,6%) e estômago (3,1%). Em valores absolutos, o câncer de mama deve atingir cerca de 75 mil pacientes ao ano – ou seja, 225 mil novos casos até 2025. Já o de próstata alcançará 72 mil novos casos, aproximadamente 216 mil homens no mesmo período.
Segundo os pesquisadores, pela primeira vez os cânceres de pâncreas e fígado foram incluídos na estimativa, em função da sua alta incidência no Brasil, entre os 10 tipos mais comuns em diversas regiões do Brasil (o tumor maligno de pâncreas é o 13 em número de ocorrências, seguido pelo de fígado, na 14ª posição, somando mais de 200 mil casos ao ano, de acordo com a previsão).
Os números impressionantes divulgados pelo INCA são, na realidade, um convite para o cuidado consigo mesmo. Isso porque a absoluta maioria dos casos de câncer tem relação direta com o estilo de vida do paciente, ou seja, podem ser prevenidos e tratados com excelente prognóstico, a partir do diagnóstico precoce e consequente tratamento.
Estudo do Centro Internacional de Pesquisa sobre o Câncer conduzido em dezoito países europeus confirma que quanto menos o povo é educado, maior é o risco de morrer da doença.
O check-up médico é um poderoso aliado porque antecipa, previne e promove saúde. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 90% dos tumores têm cura, desde que diagnosticados precocemente. Doenças como as do coração, da tireoide, do estômago e do intestino; as metabólicas; a depressão; entre outras, podem ser tratadas e curadas, se forem diagnosticadas precocemente.
Diversos tipos de cânceres estão sendo observados em indivíduos cada vez mais jovens. Se antes o câncer de próstata era mais comum em homens com mais de 60 anos, agora eles são diagnosticados em homens de 45 anos. O mesmo ocorre quanto o infarto do miocárdio. Se há 30 anos ele era observado em homens acima de 50 anos, hoje, ele é corrente em rapazes na faixa dos 35 anos.
Tudo isso é a resposta do organismo ao estilo de vida inadequado que, além de cânceres, também conduz, a médio e longo prazos, às doenças crônicas, como obesidade, esteatose hepática, hipertensão arterial, insônia e diabetes, entre outras, responsáveis por outros cenários como infarto agudo do miocárdio e acidente vascular cerebral. Segundo a Universidade de Stanford, 73% das mortes no mundo atual se relacionam com o estilo de vida pouco saudável.
O estilo de vida saudável aliado à prevenção é o caminho para a longevidade com autonomia. Sabemos que é difícil mudar o estilo de vida. Requer determinação, força de vontade e perseverança. No entanto, quando os indivíduos entendem o ganho a longo prazo, afastando-se de doenças e ganhando saúde, o caminho para a longevidade com autonomia se abre.
Decisões relativamente simples como fazer alguma atividade física regular, ter uma alimentação mais saudável (com mais proteínas e menos carboidratos), menos estimulantes (como açúcar, cigarro e café), noites de sono reparadoras e manter bom círculo de amigos são ações que contribuem enormemente a longo prazo.
Saúde é prevenção!
Gilberto Ururahy é médico há mais de 40 anos, com longa atuação em Medicina Preventiva. Em 1990, desenvolveu a Med Rio Check-up, líder brasileira em check-up médico. É detentor da Medalha da Academia Nacional de Medicina da França, Conselheiro estratégico da ABRH-Brasil e autor de quatro livros: Como se tornar um bom estressado (editora Salamandra), O cérebro emocional (editora Rocco), Emoções e saúde (editora Rocco) e Saúde é Prevenção (editora Rocco), com o médico Galileu Assis, diretor da Med Rio Check-up.