O Brasil se despediu na semana passada de uma das jornalistas mais emblemáticas da televisão brasileira. Glória Maria, que frequentou a casa dos telespectadores nos últimos 50 anos, faleceu nesta semana depois de uma longa batalha contra um câncer que começou no pulmão e que evoluiu para metástase no cérebro. Infelizmente, a jornalista não é um caso isolado. De acordo com o INCA (Instituto Nacional do Câncer), o Brasil deve registrar cerca de 700 mil novos casos de câncer por ano, entre 2023 e 2025.
Mais de dois milhões de brasileiros serão diagnosticados com um novo tumor no próximo triênio. Estimativas da OMS (Organização Mundial de Saúde) afirmam que o câncer é a segunda maior causa de mortes no mundo, ultrapassando as doenças cardiovasculares até 2030. Segundo a entidade, o tumor maligno mais incidente no país é o de pele não melanoma (31,3% do total de casos), seguido pelos de mama feminina (10,5%), próstata (10,2%), cólon (intestino) e reto (6,5%), pulmão (4,6%) e estômago (3,1%).
Agora, um novo estudo do Instituto de Pesquisa do Câncer do Reino Unido, que acaba de ser publicado na revista científica Science Advances, descobriu que as células cancerígenas podem mudar de tamanho para resistir à terapia e colocar anteparos em busca da sua permanência no organismo. Segundo os pesquisadores, a descoberta é fundamental porque pode significar o desenvolvimento de novas armas de combate à doença no futuro.
Mas e quando pensamos em prevenção, quais são as melhores estratégias? A ciência tem reiteradamente defendido que um estilo de vida saudável é a melhor arma de combate contra o câncer. A Medicina já mapeou 14 tipos de cânceres que estão diretamente vinculados a um estilo de vida pouco saudável. É o que observamos também nas consultas com dos clientes nas nossas clínicas: o sedentarismo cresceu muito (65% são sedentários), o excesso de peso corporal acompanha a evolução (60% acima do peso), insônia (35%) e aumento do consumo de bebidas alcoólicas (40%). A automedicação com ansiolíticos e hipnóticos (indutores do sono), juntamente com antidepressivos, estão entre os medicamentos mais vendidos. As condições acima fragilizam a imunidade das pessoas.
Para ter ideia da relevância de realizar exames médicos de rotina, cerca de 90% de todos os cânceres têm cura, desde que recebam o diagnóstico a tempo de serem tratados. Quanto mais precoce o diagnóstico, melhor o prognóstico, com tratamentos menos invasivos e maior chance de recuperação plena. Vale relembrar que estudos da Universidade de Stanford indicam que 73% dos óbitos no mundo são decorrentes do estilo de vida inadequado; o fator genético participa com apenas 17% e outras causas (como a violência urbana) com 10%.
O último dia 04 de fevereiro é marcado no calendário como o Dia Mundial contra o Câncer, uma iniciativa global organizada pela União Internacional para o Controle do Câncer (UICC) com o apoio da Organização Mundial da Saúde (OMS). A data que chama a atenção para a importância da prevenção. A ciência tem reiteradamente afirmado que a melhor combinação de medidas para um estilo de vida que promove saúde e mantêm distante de doenças crônicas é a realização exames regulares, alimentação equilibrada, prática de exercícios físicos, noites reparadoras de sono, baixo consumo de bebidas alcoólicas e distância do tabagismo.
Desta forma, é possível se conquistar maior qualidade de vida e longevidade com autonomia e saúde.
Gilberto Ururahy é médico há mais de 40 anos, com longa atuação em Medicina Preventiva. Em 1990, desenvolveu a Med Rio Check-up, líder brasileira em check-up médico. É detentor da Medalha da Academia Nacional de Medicina da França, Conselheiro estratégico da ABRH-Brasil e autor de quatro livros: Como se tornar um bom estressado (editora Salamandra), O cérebro emocional (editora Rocco), Emoções e saúde (editora Rocco) e Saúde é Prevenção (editora Rocco), com o médico Galileu Assis, diretor da Med Rio Check-up.