O alerta foi feito pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP): crianças e jovens brasileiros estão sofrendo de “analfabetismo físico”. Cada vez mais inativos fisicamente, eles vão perdendo força muscular e coordenação, de forma progressiva, dando início a um ciclo bastante danoso a longo prazo.
De acordo com a SBP, 81% dos jovens entre 11 e 17 anos são insuficientemente ativos, fazendo menos de uma hora diária de atividade física moderada ou vigorosa. O mais grave: este tempo dedicado à saúde física tem caído 5%, em média, todos os anos. Além da saúde física, a atividade esportiva contribui também para a saúde mental e a socialização dos jovens. Assim, além de hackear a alma de nossos jovens, o uso prolongado de celulares reduz a prática de atividade física.
O resultado é que as consequências de uma vida sedentária, que costumam aparecer em idades mais avançadas, se apresentam entre crianças e jovens: obesidade, diabetes, colesterol alto e perda de massa muscular podem ser diagnosticados e são cada vez mais frequentes nesta faixa etária.
Esta condição se dá muito em decorrência do uso exagerado de aparelhos eletrônicos, que roubam o tempo em que as crianças deveriam estar brincando ou praticando atividades físicas. Nativos digitais, eles criam uma relação de dependência tamanha com os aparelhos que acabam por relegar atividades tidas outrora como comuns às crianças, como correr, pular corda, andar de bicicleta, praticar um esporte pelo simples prazer do convívio com os amigos, desenvolvendo adicções que geram isolamento.
Neste processo, a supervisão e estímulo dos pais é fundamental para que as crianças deixem o celular de lado e se engajem em alguma atividade física e se comprometam com a sua saúde e qualidade de vida. No Estado americano da Flórida, uma nova lei impede que crianças façam uso dos celulares em horário escolar. O resultado é um melhor desempenho acadêmico, diminuição do bullying e maior interação social entre os alunos.
Levantamento do IBGE a partir do Censo 2022 retratou o Brasil como um país cada vez mais envelhecido. Pessoas com 65 anos ou mais já representam 10,9% do total da população. Se já apresentam comorbidades hoje, como estará a saúde destes jovens daqui a alguns anos, quando chegarem à terceira idade? O custo para a saúde pública e privada será muito elevado.
Por tudo isso, é fundamental ressaltar a importância de um estilo de vida saudável, em todas as idades: além de praticar atividades físicas regularmente, é preciso controlar o peso, o diabetes, os níveis de colesterol e triglicerídeos, ter uma alimentação balanceada, não fumar, evitar o excesso de sal e de bebidas alcoólicas, gerenciar o estresse, controlar a pressão arterial ter noites reparadoras de sono e manter os exames preventivos em dia.
Saúde é prevenção!
Gilberto Ururahy é médico há mais de 40 anos, com longa atuação em Medicina Preventiva. Em 1990, criou a Med Rio Check-up, líder brasileira em check-up médico. É detentor da Medalha da Academia Nacional de Medicina da França e autor de quatro livros: Como se tornar um bom estressado (editora Salamandra), O cérebro emocional (editora Rocco), Emoções e saúde (editora Rocco) e Saúde é Prevenção (editora Rocco), com o médico Galileu