“Javyju”, nosso guia Chico diz ao menino na canoa. Não sei dizer bem a idade do rapazinho, talvez uns 8 anos, remando sozinho um barco de alumínio três vezes o tamanho do nosso caiaque. Ele passa a gente com sobra, e some no rio que serpenteia pelo manguezal.
Pergunto ao guia Chico o que ele disse ao garoto; Bom dia, me responde. O menino faz parte de uma família de índios guaranis que mora ali. São uns dez, e as únicas pessoas nos quase 7km de mangue super preservado, dentro da Reserva Ecológica Estadual da Juatinga. E nem debaixo, ou do alto, se vê a mão deles, nem sequer uma clareirinha na mata. Índio se mistura com a natureza, e ajuda a preservar.
O Saco do Mamanguá já um gigante da natureza. Um braço de mar que rasga as montanhas cobertas de floresta, em uma área protegida por duas unidades de conservação. Aqui, só o barco chega, escunas são proibidas, os hoteis são apenas dois – e com menos de meia dúzia de cabanas cada – as vilas são caiçaras, o 3g não pega. Nós estamos na ponta do Saco, no extremo disso tudo.
Chegar nesse paraíso, porém, não é uma aventura radical. Fomos de barco até o final do Saco, onde fica o restaurante do Dadico, um pescador que traz o peixe do mar e serve nas mesas de um deque de palafita construído sobre as águas, com a vista da Serra do Mar. Lá, pegamos nossos caiaques, rumo ao mangue.
É um desbunde. De um lado e de outro, vamos passando por pequenas praias desertas, algumas do tamanho de dez passos. O som do vento, de um pássaro aqui e outro ali, e dos remos passando na água tocam a única sinfonia por lá. A gente vai sem pressa assim, por uns dez minutos, até adentrar no mangue. O tal onde fomos ultrapassados pelo menino guarani.
Continuamos remando por mais 1,5 km de rio navegável, fazendo curvas. Lá no meio do rio, eu imagino que lugar seria aquilo. Penso em algo semelhante aos afluentes da Amazônia, imagem que confirmo com as imagens do drone. E o que começa mangue depois dá lugar a uma vegetação mais densa, com árvores grossas e palmeiras, até chegarmos numa micro praia de água doce. Deixamos os caiaques, pegamos uma trilha de 10 minutos, e chegamos na cachoeira do Rio Grande.
Durante todo o tempo, nosso único encontro foi com o pequeno índio. E mais ninguém em todo o caminho. E asseguro: é um passeio imperdível. Lindíssimo.
Na volta, claro, almoçamos um peixe fresquíssimo com mandioca e salada no Dadico.
–
Para fazer o passeio:
Quem nos levou foi a Paraty Tours (R0 por pessoa). Fomos de barco até o fim do Saco do Mamanguá, e pegamos os caiaques lá
O passeio tem nível fácil, e creio (mas isso é subjetivo) que qualquer pessoa que tenha um pouquinho de preparo consegue fazer. Recomendo muito!
Onde se hospedar em Paraty-Mirim e Mamanguá
Eu amo Casa de Vidro (reserve aqui pelo booking ou pelo airbnb), um airbnb lindo na encosta da Paraty-Mirim (15 km depois de Paraty, sentido São Paulo), com um projeto totalmente integrado à natureza. A casa é cercada pelo mar e pela floresta, acomoda até 10 pessoas, tem piscina e um deque no mar.
Para terem ideia do mar na frente da casa, vejam esses vídeos.