Reconhecido como um dos principais institutos de pesquisa de tendências de cores do mercado, a Pantone lançou esta semana, durante a semana de moda de Nova York, as cores da primavera/verão 2021. A cartela apresenta os 10 tons que vão aparecer em lançamentos da temporada. Para suceder o ano da quarentena, a inspiração foi a “beleza da natureza”, com paletas que se “apoiam na flexibilidade e na reinvenção”, num contraponto aos tons entediantes que costumam compor as roupas usadas em casa em home office.
“As cores para a temporada combinam um nível de conforto e casualidade com faíscas de energia que nos encorajam e elevam nosso bom humor”, afirma Leatrice Eiseman, diretora executiva do Pantone Color Institute, no comunicado sobre o Fashion Color Trend Report.
Entre os 10 tons anunciados, reflexos de uma necessidade de inspirar a capacidade de invenção e criatividade, estão Marigold, uma referência aos tons alaranjados da calêndula; Cerulean, um azul que remete ao céu quando ele está limpo e sereno; Illuminatin, um amarelo associado à alegria de um dia ensolarado – esta última, aliás, talvez tenha sido uma das sensações mais valorizadas neste ano de quarentena. Sentimentos de esperança e alegria e estados de calma e cura estão entre as inspirações para compor a cartela pós-coronavírus.
No mundo todo, este ano, a moda mergulhou numa das maiores crises dos últimos tempos em função da pandemia. Muito se especula ainda sobre como será o comportamento do consumidor. Para alguns, haverá redução de consumo. Por outro lado, na prática, vimos algumas lojas baterem recorde de vendas na reabertura, com aconteceu na Hermès, na China. Mesmo num mundo cada vez mais polarizado, uma certeza podemos ter: todos estão com desejo (ou necessidade), sim, de retomar sentimentos e emoções mais positivas em relação à vida. E com isso, Pantone e outros institutos de pesquisa de tendências também concordam.
Segundo o relatório Future Consumer 2022, publicado pelo WGSN, a pandemia é o maior motor de mudança global observado em muito tempo, alterando as atitudes dos consumidores. “É mais importante do que nunca compreender o que as pessoas ainda querem comprar. Embora dependamos da conectividade digital para sobreviver a estes tempos turbulentos, é a nossa necessidade de conexão humana que realmente moldará nossas vidas”, declara Carla Buzasi, diretora executiva da WGSN, no relatório divulgado recentemente. Quatro sentimentos construirão a nova percepção do consumidor, de acordo com a WGSN: medo, resiliência, resistência e otimismo. Ao unificar essas sensações, os clientes demandarão experiências de compra mais simples. “Deve-se criar ambientes e produtos relaxantes, projetados para aliviar o estresse e a ansiedade”, indica.
Em relação às cores, a WGSN, que investiu em um estudo em parceria com o catálogo de cores Coloro, projetou conceito semelhante ao da Pantone. Segundo a pesquisa, os pigmentos serão guiados por uma busca de energia e equilíbrio. Com o longo período de isolamento social, a natureza passou a ter um apelo muito claro. Por outro lado, afirmam no relatório, as ferramentas de conexão digital ganharam extrema relevância, e esta dualidade entre tecnologia e natureza definem a cartela WGSN / Coloro. Entre os tons sugeridos, o Orchid Flower, que traz o pink intenso das orquídeas, e o Mango Sorbet, um amarelo vívido levemente alaranjado. Quem não quer colorir um pouco a vida com os tons da natureza depois de um ano tão pautado pela incerteza, a preocupação e pelo medo?
Julia Golldenzon é estilista especializada em festas e noivas. Formada em Comunicação Social pela PUC-Rio, ela trabalhou em marcas como Farm e La Estampa e, desde 2013, tem um ateliê no Leblon, que leva seu nome.