As Olimpíadas de Tóquio coroaram o skate feminino como uma das grandes influências do esporte na moda este ano. A modalidade, que estreou nas competições olímpicas, chamou a atenção especialmente no Brasil com a medalha de prata de Rayssa Leal, a Fadinha. Para quem associava o tradicional estilo skatista com roupas oversized mais masculinas se surpreendeu especialmente com os looks das atletas mais jovens.
Embora tenha sido moldado há 50 anos, o estilo ainda permanece, mas ganhou novos ares com a presença feminina, que se consolidou nos últimos anos. Elas mantiveram os bonés, para impedir o cabelo no rosto, e os tênis retos cada vez mais fashion, mas acrescentaram um pouco de feminilidade em looks que valorizam o corpo, sem exibir demais, e apostam no conforto.
No cinema, o estilo dos skatistas tradicionais está muito bem representado no drama adolescente “Os reis de Dogtown”, filme de Catherine Hardwicke, inspirado na história do z-boys, um influente grupo de skateboarders que revolucionou o esporte nos anos 70 e foi fundamental para formação da estética streetwear dos skatistas. O espírito da contracultura se expressa nos looks com maxi t-shirts, tênis de solado reto e bonés. Entre as marcas queridinhas estão Vans, DC, Nike e Adidas.
Entre as brasileiras, a skatista Leticia Bufoni, que competiu nas Olimpíadas de Tóquio, é referência pela performance como atleta, considerada um dos maiores nomes do esporte, e pelo estilo. Com mais de 4 milhões de seguidores no Instagram, estrela de um reality sobre sua vida (Leticia Let’s gGo, no Canal OFF) e com seus cabelos cor de rosa, ela é embaixadora de grandes marcas, como Nike e Red Bull. Na adolescência, começou a imprimir mais feminilidade aos looks esportivos propositalmente como maneira de quebrar alguns tabus e mudar o universo do skate. “Eu me sentia bem, bonita e confiante”, contou ela em entrevista para a revista “Glamour”. Leticia logo chamou a atenção do mercado publicitário, mas também foi criticada por seus pares. Usar legging rosa, maquiagem e unhas bem pintadas incomodou alguns praticantes (homens) – que, vamos combinar?, não deveriam ter nada a ver com isso. “Nunca me importei de verdade. Quando você está bem consigo mesma, quando sua mente está forte, tudo flui melhor. E ainda há o apoio das outras mulheres, no skate vamos juntas mesmo”, disse.
Enquanto, há sete anos, Bufoni estava imprimindo seu estilo e conquistando seu espaço no esporte, a maranhense Rayssa Leal chamava atenção nas redes vestida de fadinha enquanto fazia manobras radicais com apenas 6 anos de idade. Como toda a inocência de uma criança, ela acabou criando uma imagem forte e fashion ao juntar o sonho das fantasias infantis às manobras radicais do skate. Os anos se passaram, Rayssa deixou de lado a organza e os paetês, mas continua mostrando um estilo próprio, com calças cargo usadas com cinto, marcando a cintura, ainda de menina, combinadas com tops ou t-shirts mais justinhas. Assim como Bufoni, Rayssa já é considerada uma grande influenciadora, com seus 6,6 milhões de seguidores no Instagram e seus 3,5 milhões no TikTok.
A medalha de prata, a graça e o encanto de Rayssa chamaram atenção em Tóquio assim como o cabelo cor de rosa e a beleza de Bufoni – além da amizade e a solidariedade entre as mulheres skatistas. O fato de o esporte ter estreado nas Olimpíadas este ano também trouxe muitos holofotes para o skate. Segundo especialistas em tendências, por este motivo, grifes apontam para um revival da estética nos próximos meses. Fique de olho!