Julia Golldenzon

Por Julia Golldenzon, estilista carioca Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Continua após publicidade

A tendência da vez

Contração das palavras ficar (stay) e férias (vacation) em inglês traduz o desejo das pessoas de viajar mesmo que sensorialmente

Por Julia Golldenzon
Atualizado em 10 dez 2020, 14h13 - Publicado em 20 out 2020, 18h22
  • Seguir materia Seguindo materia
  • O que as pessoas vão querer vestir depois de um ano como 2020? Esta é a pergunta que todos que trabalham com moda se fazem todos os dias desde que a pandemia foi decretada e começaram as quarentenas e lockdowns pelo mundo. Já sabemos que é preciso abraçar a incerteza que o momento nos trouxe, mas ainda assim é possível mapear os desejos das pessoas? Os cool hunters do mundo inteiro estão voltados para observação do que vivemos para projetar o que vem por aí e que caminhos as marcas do mundo inteiro podem seguir. Para saber mais sobre o tema, conversei com a caçadora de tendência e palestrante Sabina Deweik, que atua como cool hunter há quase 20 anos e foi diretora no Brasil do Future Concept Lab.

    Que mudanças de comportamento você observou? Estamos tendo todo um universo se reconfigurando por conta da quarentena e do lockdown. E um dos universos que foi bastante afetado foi o universo da casa e, portanto, todos os rituais da casa, o que afeta automaticamente a moda. O primeiro ponto de alteração dos comportamentos é justamente uma moda mais confortável, que respeite essa necessidade do ficar em casa, um estilo de vida menos ostensivo. Todo o universo de muita ostentação hoje é quase agressivo para as pessoas. 

    Como esta mudança interfere no desejo de consumo? Há uma solicitação de empatia do consumidor e um desejo de conforto e autenticidade. Vimos muitas marcas fazendo ações e campanhas onde as próprias modelos se autofotografavam em casa em atividades diárias. Juntamente com isso, naturalmente, temos uma conexão maior com a nossa casa, com a memória, com os objetos da nossa casa. Por outro lado, há um desejo das pessoas de saírem de casa e de voltarem a se entreter e a viajar. Todos esse universo está ainda restrito e está ligado a uma tendência staycation.

    O que significa staycation? É a junção das palavras em inglês stay (ficar) e vacation (férias). É uma tendência que afeta diversos segmentos de consumo, como turismo, moda, decoração. Significa desde tirar férias locais ou em lugares bem próximos ou até mesmo de se transportar sensorialmente e emocionalmente para outros lugares através de objetos, estampas, aromas, sabores, roupas. A Ikea, marca global de origem sueca de móveis e decoração de baixo custo, fez uma ação mirando nesta tendência do staycation sensorial. Eles criaram uma série de caixas temáticas de destinos paradisíacos, e em cada box vinha uma série de produtos, como velas, mantas, cerâmicas, que remetiam àquele lugar. E se cercar de elementos que te transportam sensorialmente é uma maneira de viajar também. 

    Seria um escapismo? Esta tendência não chega a ser um escapismo. É mais um desejo de voltar a fazer coisas que a gente ainda não pode fazer com liberdade, transportar para lugares de hedonismo, de prazer e entretenimento.  Houve uma retração de atividades que eram normais e que agora viraram um super luxo. A moda sempre traz um elemento do desejo daquilo que a gente não pode ter no momento. E como o desejo está conectado com a falta, essa viagem, mesmo que sensorial, nos remete à liberdade e ao relaxamento. E por isso vemos tantas marcas que inspiraram suas coleções em destinos de viagem.

    Continua após a publicidade

    Que outra tendência surgiu a partir da pandemia? Além disso, outra tendência muito forte, é que estamos muito conectados com bem estar e qualidade de vida. Em 2020, muitas pessoas que nunca meditaram começaram a meditar, o veganismo está sendo mais discutido, muitas pessoas adotaram uma alimentação mais saudável e muitas pessoas que não se exercitavam passaram a se exercitar.

    Julia Golldenzon é estilista especializada em festas e noivas. Formada em Comunicação Social pela PUC-Rio, ela trabalhou em marcas como Farm e La Estampa e, desde 2013, tem um ateliê no Leblon, que leva seu nome.

     

    Publicidade

    Publicidade

    Essa é uma matéria fechada para assinantes.
    Se você já é assinante clique aqui para ter acesso a esse e outros conteúdos de jornalismo de qualidade.

    Semana Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    Impressa + Digital no App
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital no App

    Informação de qualidade e confiável, a apenas um clique.

    Assinando Veja você recebe mensalmente Veja Rio* e tem acesso ilimitado ao site e às edições digitais nos aplicativos de Veja, Veja SP, Veja Rio, Veja Saúde, Claudia, Superinteressante, Quatro Rodas, Você SA e Você RH.
    *Para assinantes da cidade de Rio de Janeiro

    a partir de 35,60/mês

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.