As inovações tecnológicas atuais seriam a solução para questões críticas do planeta? Quais pautas sociedade e empresas precisam estar atentas hoje para se antecipar e agir diante da única certeza: a mudança? Para tentar responder a essas perguntas instituições, como UNESCO e OECD, países, como Canadá, Finlândia e França, e empresas como Nike, já fazem uso de Estudos de Futuros, metodologia que busca identificar as transformações que podem impactar o amanhã e faz uma leitura das possíveis consequências desses episódios.
Mas o que queremos dizer com isso? Que identificar possibilidades de futuro é fundamental, tanto para planejamentos individuais, quanto para governos e empresas.
Diante de novas relações de trabalho, revisões nas lógicas de produção e consumo, demandas climáticas e inovações tecnológicas, é possível mapear temas que mobilizam grandes mudanças em diversos âmbitos da sociedade. No Report Macrotendências 2022-2023 do Laboratório de Tendências da Casa Firjan, dois pontos norteiam os cenários de futuros apresentados: as demandas urgentes – associadas à crise climática, ao prolongamento da pandemia e aos problemas na logística internacional – e a necessidade de uma reconstrução do mundo, para a qual o campo da tecnologia tem recebido grandes investimentos. Mas o que isso nos explica sobre as mudanças que estamos vivendo?
O prolongamento da pandemia associado à crise climática trouxe impactos na logística de diferentes setores com problemas na cadeia de suprimentos e redução da oferta de matérias-primas, devido à baixa oferta e alta demanda de certos produtos e serviços. Ao mesmo tempo, diante das inseguranças que vivemos, a tecnologia é percebida muitas vezes como o que trará soluções para os nossos problemas. A reconstrução tecnológica do mundo é pensada em diversos setores, remodelando a logística internacional, com processos de digitalização da produção e do trabalho e a busca por novas matérias-primas e processos produtivos.
A partir dessa realidade, o Lab de Tendências da Casa Firjan identificou três macrotendências, que representam possibilidades de cenários para o futuro. O primeiro deles, é a CyberTopia, que aborda as formas pelas quais a tecnologia tem sido usada para a construção de uma internet na qual os usuários tenham cada vez mais autonomia e segurança em relação aos seus dados, além da ampliação de experiências imersivas entre o digital e o físico.
Essa discussão engloba uma tecnologia que traz conveniência, fala das experiências cada vez mais híbridas entre o online e o offline, como essa tecnologia permeia nosso cotidiano e, por conta disso, demanda maiores regulações para seu uso, que nos tragam segurança sobre nossos dados. Termos muito falados no momento, como blockchain, realidade virtual e metaverso estão inseridos nesse cenário.
A segunda macrotendência é o AlterMundo, na qual a tecnologia é pensada para a manutenção de um mundo habitável. Aqui se leva em conta as escolhas de produção e consumo conscientes, tanto da sociedade, quanto das empresas. Pensa-se também sobre a manutenção de um legado, trazendo o questionamento sobre o tipo de mundo que deixaremos para as próximas gerações.
Por fim, temos o cenário PluriDiverso, que usa a tecnologia para fazer uma revisão nos parâmetros da performance. Cada vez mais é possível ver que empresas com pautas de inclusão e com equipes plurais estão sendo mais rentáveis e criativas. Falamos sobre isso na última coluna. Diante de um cenário de relações remotas e híbridas, novos acordos de trabalho estão sendo construídos. Questões como saúde mental e flexibilidade estão em destaque na construção dessas mudanças, que preveem novas dinâmicas entre empresas e colaboradores.
Diante de inúmeros desafios e possibilidades, muitas empresas estão abrindo cargos destinados à gestão do trabalho remoto. Enquanto alguns países, como o próprio Brasil, experimentam políticas de incentivo aos nômades digitais. Além de investigarem a relação entre produtividade e novas cargas horárias. Como podemos encarar esse futuro? Será que estamos atentos para agir diante dos sinais de mudança?
Esta coluna é assinada em parceria com Isabela Petrosillo, pesquisadora do Lab de Tendências da Casa Firjan