De Próprio Punho, por Eriberto Leão (ator): “O Rio vai dar certo!”
"Busco chegar ao coração e mente do nosso querido prefeito, Eduardo Paes"

Sou paulista e cidadão carioca. E é como cidadão da cidade mais importante do país, que busco, através da nossa belíssima língua portuguesa, expressar minha esperança cartesiana, pragmática e objetiva, de que o Rio voltará a ser um farol para o mundo. O Brasil se apossou dessa profecia sebastianista portuguesa ao ponto de Glauber Rocha sussurrar ao ouvido de Caetano Veloso: “O sebastianismo é o segredo por trás do cinema novo”! Desse modo, a inspiração para o Tropicalismo nascia.
Mas para ter conhecimento do mito sebastianista, é necessário ter cultura. Viva ela! A Cidade Maravilhosa se chama São Sebastião do Rio de Janeiro em homenagem ao padroeiro de D. Sebastião, o jovem rei português morto na batalha de Alcácer-Quibir, que se alinhou à profecia do Quinto Império ou do futuro “farol do mundo”. Fernando Pessoa escreveu, no seu único livro publicado em vida, “Mensagem”, que “o mito é o nada que é tudo”.
Precisamos nos apoderar novamente do mito sebastianista, pois somos nós — o Brasil, que, para o mundo, é a imagem refletida pelo seu espelho, o Rio de Janeiro. Acredito que o Brasil só decola se nosso Cristo Redentor decolar. Tanto que foi essa a icônica imagem de uma capa da The Economist, quando nós e o mundo acreditávamos que a história do nosso futuro havia chegado. Mas vai chegar!
Afirmo isso com a mesma força de Darcy Ribeiro ao discursar no velório de Glauber Rocha no Parque Lage, no Jardim Botânico, quando disse: “O Brasil vai dar certo, Glauber!”
O Rio vai dar certo! Vai voltar a dar certo, pois fomos a capital do Império de Portugal, Brasil e Algarves! E, na sequência, fomos capital de um independente Império Brasileiro, coroado pelo maior rei dentre todos os reis do mundo, em sua época: o mais culto, o mais sábio, o mais apaixonado por educação, sistemas pedagógicos e pela Ciência, chamado de neto de Marco Aurélio pelo escritor francês Victor Hugo! Reverenciado por cientistas como Charles Darwin e Graham Bell. Falava tupi-guarani, alemão, italiano, espanhol, francês, latim, hebraico. Lia grego, árabe, sânscrito, provençal e até hieróglifos!
O primeiro e o último, o único Rei Brasileiro, o “Imperador Cidadão” D. Pedro II, tão apaixonado pelo Rio que morreu com um saco de areia da praia de Copacabana, em seu bolso. E se o que mais falta hoje, aqui, é cidadania, busco chegar ao coração e mente do nosso querido prefeito, também apaixonado pelo Rio, Eduardo Paes, através desta página, para que comecemos uma campanha de cidadania, educação, respeito e gentileza, pois podemos chegar a um ponto de não retorno. Não há respeito algum nas ruas da nossa cidade: motos, bicicletas elétricas ou não, carros e suas filas duplas proibidas, cruzamentos fechados, sinais não respeitados, em um egoísmo coletivo que prejudica a todos.
O Imperador Cidadão deve ser um grande exemplo para todos nós; não por ter sido imperador, mas cidadão.
O resgate da memória histórica do Rio de Janeiro pode devolver a esperança e nos fazer agir; afinal, não podemos estimar tão alto assim o verbo. No início era a ação.
Eriberto Leão, eterno apaixonado pelo Rio, é um ator reconhecido, com atuações inesquecíveis. Casado com carioca, pai de cariocas e de espírito carioca. Atualmente está no ar em “Mania de você”, de João Emanuel Carneiro, onde representa um desprezível machista, bem o oposto do que esse artista é na vida real.