Na mostra “Terra”, Zilah Garcia transforma o clássico “Os sertões” em arte
Artista garimpou 200 exemplares de diferentes edições de “Os Sertões” e doou aos convidados na abertura da mostra

















A artista plástica paulista Zilah Garcia inaugurou sua 1ª individual no Rio, “Terra”, no Centro Cultural dos Correios, nessa quarta (22/01), com 20 trabalhos inspirados no clássico “Os sertões”, de Euclides da Cunha (livro regionalista sobre a sangrenta Guerra de Canudos, no interior da Bahia), com curadoria da historiadora da arte e pesquisadora carioca Daniele Machado.
“A exposição traz muito da minha verdade porque reflete histórias e experiências que carrego desde a infância, especialmente as que aprendi com meus avós”, diz Zilah, que nasceu em Olímpia, interior de SP, conhecida como “capital do folclore”.
Depois de quase 30 anos no mercado de moda e estamparia, Zilah mudou para as artes plásticas há três anos; desde então, frequenta os cursos da Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Em 2022, enquanto organizava seu ateliê, ela encontrou uma edição dos “Sertões” e lembrou-se das histórias contadas por seu avô, que migrou do Nordeste para São Paulo, por uma melhor sobrevivência. O reencontro aprofundou a conexão com o município de Quixeramobim, no Ceará, terra natal de Antônio Conselheiro (1830-1897), figura central da Guerra de Canudos (1896-1897) – o bisavô de Zilah, Damião Carneiro, foi dono da fazenda Canafístula, na mesma cidade.
Os convidados ficaram fascinados com a instalação “Embaixada ao céu”, com 200 exemplares de diferentes edições de “Os Sertões”, vindos de sebos ou comprados de diversas regiões do país, incorporados à obra e doados na abertura da exposição.
A mostra tem ainda um filme sobre a viagem da artista a Canudos, no fim de 2024.