Sem timidez ou decoro: o castigo social deixado pelos blocos

Não tem ameaça de multa, timidez, decoro – nada impede o xixi à luz do dia, no carnaval do Rio, e com a falta de chuva intensificada, os cariocas terão de conviver por certo tempo com esse budum deixado pelos bloquinhos. E seguem sambando, finos, como se nada tivesse acontecido. Assim, o castigo social vai ficando pra trás, a ser percebido horas depois, sob o calor de 40 graus.

Num instante, aquela gatíssima se abaixa no asfalto, ou aquele cara cola o corpo musculoso na árvore que aparecer na sua frente. As mulheres andam quase tão desinibidas quanto os homens, com a diferença de que eles sacam o pingolim de pé, enquanto elas precisam de uma abaixadinha. É o carnaval carioca, minha gente, que toma conta das ruas sem constrangimento.

E todo ano, a prefeitura aumenta o número de banheiros químicos em lugares estratégicos — este ano, foram 34 mil por onde os blocos passam, além de 182 mictórios, distribuídos em 11 estações na Zona Sul, pela Qban Banheiros Irados, publicado aqui. Segundo uma pesquisa do Hibou Pesquisa e Insights, para 79% dos foliões, fazer xixi é o maior perrengue ao acompanhar ou ficar parado num bloco de rua.

Vamos confiar na Comlurb, que passa antes, durante e depois, é preciso reconhecer a eficiência! Para garantir a limpeza total, são 20 mil litros de sabão e 5 mil litros de essência de eucalipto, mais que o dobro do ano passado, aplicados depois da lavagem e nos pulverizadores, especialmente nas áreas de banheiros químicos. E se o folião for flagrado por um fiscal, pagará mais de R$ 800.

Perguntado a duas foliãs de Singapura suas impressões do carnaval de rua carioca: “Estamos encantadas”, muitos problemas percebidos pelos locais não as atingem. Passam despercebidos. Mas qual seria a saída?

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