Manoel Carlos

Por Blog Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Blog do novelista Manoel Carlos
Continua após publicidade

Gratidão

"Não sabia — ou sabia e esqueci — da existência desse tal Dia da Gratidão de que tanto se falou neste ano". Leia a crônica de Manoel Carlos da semana

Por Manoel Carlos
Atualizado em 15 jan 2018, 09h00 - Publicado em 15 jan 2018, 09h00
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Não sabia — ou sabia e esqueci — da existência desse tal Dia da Gratidão de que tanto se falou neste ano. O que aconteceu? Descobriram só agora essa virtude humana e ao mesmo tempo divina, assim como uma pizza “mezzo aliche, mezzo mussarela”?

    E por que no dia 6 de janeiro, Dia de Reis, há tanto tempo no calendário cristão? Vou procurar saber no Google, que tudo sabe e tudo ensina, mas jamais nos pusemos a verificar a veracidade desses ensinamentos. Sim, porque, se o Google ensina, quem ensina ao Google?

    Carla — que continua sendo a única mulher com presença fixa nas reuniões do Café Severino — acha que é no Dia de Reis para estimular uma troca de presentes, já que esse estímulo circula por todos os dias do ano. Comprar, comprar, comprar…

    O Raul discordou do dia escolhido, pois existem várias datas identificadas como Dia da Gratidão. E pelo celular, quase ao mesmo tempo, colocou-se o Google para pensar e resolver, e ele mesmo não soube afirmar, com precisão absoluta, qual o
    dia certo. Não se chegou a um resultado comprovado. Ou melhor e mais confuso ainda: chegamos a vários resultados dados como verdadeiros.

    Mas o que me veio à memória, quando eu saía do café e atravessava os corredores da Livraria Argumento, já a caminho de casa, respingado da chuva que marcou presença logo nos primeiros dias deste ano, foi a lembrança de um pequeno livro, magrinho, magrinho, que carrega justamente o nome de Gratidão. Seu autor: o neurologista Oliver Sacks. Na primeira vez em que li esse livro fui tomado de um sentimento tão profundo de solidariedade e amor ao próximo que pensei em entrar num convento e me transformar num monge silencioso e humilde, tão humilde que se afastasse da própria sombra ao caminhar sob o sol. Na época comprei vários exemplares, andava com eles e ia distribuindo-os aos amigos ocasionais que encontrava nas ruas do Leblon. A pequena edição é da Companhia das Letras, com a data de 2015, pouco antes de Oliver Sacks nos deixar. Um dos seus textos mais sábios e serenos está nestas poucas palavras:

    Continua após a publicidade

    “Encontro meus pensamentos rumando em direção
    ao Shabat, o dia de descanso, o sétimo dia da semana,
    e talvez o sétimo dia da nossa vida também, quando
    podemos sentir que nosso trabalho está feito e,
    com a consciência em paz, descansar”.

    Minha gratidão a Oliver Sacks por todas as revelações que nos deixou. Pelos sábios exemplos que nos transmitiu e por todo o amor que brilhou em seu coração.

    Publicidade

    Publicidade

    Essa é uma matéria fechada para assinantes.
    Se você já é assinante clique aqui para ter acesso a esse e outros conteúdos de jornalismo de qualidade.

    Semana Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    Impressa + Digital no App
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital no App

    Informação de qualidade e confiável, a apenas um clique.

    Assinando Veja você recebe mensalmente Veja Rio* e tem acesso ilimitado ao site e às edições digitais nos aplicativos de Veja, Veja SP, Veja Rio, Veja Saúde, Claudia, Superinteressante, Quatro Rodas, Você SA e Você RH.
    *Para assinantes da cidade de Rio de Janeiro

    a partir de 35,60/mês

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.