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Manoel Carlos: o amor por entre as grades da prisão

No segundo capítulo da vida real sobre o namoro entre uma universitária e um bandido, o primeiro jantar de família

Por Manoel Carlos
Atualizado em 22 jun 2018, 08h00 - Publicado em 22 jun 2018, 08h00
LÉO MARTINS
(Léo Martins/Veja Rio)

Não se pode dizer que o amor seja um sentimento surpreendente e inesperado. Não. A flecha do Cupido está em permanente rotação. Pra lá e pra cá. Com isso, o amor acaba resumido a uma desconfiança mal disfarçada… e nós, todos nós, a um alvo permanente desse acaso. Um amigo meu desde a adolescência, diante de um namoro que se prolongava, costumava garantir na roda de amigos:

— O namoro está firme, mas não tem jeito de vingar.

E, quando demonstrávamos nossa descrença em tal profecia, ele reiterava:

— Conheço o bicho — o amor, ele queria dizer. — Quando vem, marca na pele, como a catapora. Já fui flechado várias vezes, sei como é. Amor tem cheiro, gosto, som, anda sobre duas pernas e pode ser visto a olho nu. Além disso, repete como o corvo de Edgar Allan Poe: nunca mais, nunca mais, nunca mais… Meu Deus, para onde estou indo? Vejam — e estendia o braço nu, repetindo:

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— Nunca mais. Estou até arrepiado.

O que é que deu em mim que desembestei a escrever sobre o amor? Que sei eu sobre isso?

O que sei é que fiquei devendo aos leitores o segundo capítulo de uma história de amor entre uma universitária de 18 anos e um bandido, acusado e condenado por latrocínio.

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Estão lembrados? Vamos resumir: uma mãe desesperada diante de uma filha de 18 anos apaixonada por um criminoso. Um pai que faz ameaças, mas não age. Toda uma família prisioneira de um capricho, atrás das grades de um romance sem futuro, que vai acabar… vai acabar… onde?

Claro que me lembrei do filme do Woody Allen Todos Dizem Eu Te Amo, no qual há uma cena semelhante a essa que Isabel está vivendo. Lembraram? Muito bem.

E com isso cheguei à casa dos meus amigos, na Gávea. Assim que apareci no amplo salão onde se realizaria o jantar, imediatamente procurei com os olhos um jovem com cara de bandido. Pensava que seria de fácil identificação, mas na verdade procurava o criminoso do filme. Assim, instintivamente. Eram muitos jovens de todas as idades. Seria este de barba malcuidada? Ou aquele ali de olhar desconfiado? Vai ver não se trata de um rapaz, mas de uma jovem bonita e…

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Sim, por que não? Afinal, estamos acordando para um novo amanhã, uma nova era onde só sobreviverão os grandes acontecimentos sociais. Uma nova sociedade, enfim!

Interrompo por aqui, já que cheguei ao limite do meu espaço. Volto com o terceiro capítulo dentro de quinze dias. Me aguardem, por favor. Não serão 300 capítulos, como nas novelas de TV, mas três no total. Prometo. Até lá. Bye.

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