No Japão, a grande faxina de fim de ano recebe o nome de Susuharai, e é considerada uma tradição milenar que tem como objetivo higienizar e purificar o lar.
A filosofia oriental diz que as coisas do mundo estão em constante mutação e, por isso, não devemos nos apegar a elas.
Mas calma, Beth! Calma! A ideia não é virar monge e sair se desfazendo de tudo. Mas, sim compreender a importância e a necessidade de desapegar daquilo que já não nos acrescenta.
Deixar ir o que já cumpriu o seu papel, matéria ou sentimento, é libertador!
No artigo 589 do “Manual do Bom Senso, Edição para Iniciantes”, está escrito: “Organize suas coisas de modo que possa enxergar o que tem”. No rodapé da mesma página ainda se lê: “entulhar acumula poeira”.
Mas, sejamos sinceros, está longe de ser uma tarefa fácil.
O processo de se livrar de itens pessoais exige paciência e disposição emocional para lidar com lembranças. Nos apegamos a coisas que nos remetem a situações, pessoas, momentos…É complexo e em alguns casos, temos que recorrer ao divã.
Neste mesmo manual tem uma dica interessante. Para não desistir no meio da empreitada e deixar a casa virada pelo avesso, planeje a “faxina” fazendo um cômodo de cada vez.
O processo em si é altamente subjetivo. Requer serenidade e capacidade de se auto conhecer.
Não confunda gostar com usar. O primeiro passo é questionar a utilidade do que está sendo mantido guardado e indagar a razão para isso.
O segundo passo, é avaliar se as lembranças aprisionam e impedem de enxergar novas possiblidades. Essa é a regra de ouro.
E para quem está disposto a desapegar, mas não sabe por onde começar que tal assistir ao reality show “Desapegue Se For Capaz”, no canal GNT, comandado por Sabrina Sato, nossa convidada para a coluna de hoje.
O programa, que está na sua segunda temporada, conta com a experiência da especialista em organização Micaela Góes e da arquiteta Gabriela de Matos para ajudar as famílias que tiveram suas vidas afetadas pelo acumulo de objetos. O trio dá aos participantes dicas de consumo consciente e descarte responsável, além de promover a arrumação completa e decoração dos ambientes
Manu: Como é a Sabrina em casa? Faz o estilo organizada ou bagunceira?
Sabrina: Minha casa tem uma tendência natural para a bagunça, ela vive sempre cheia… Todos os dias são 10, 12, às vezes mais de 15 pessoas na equipe. Mas eu sei onde está cada coisa na minha casa, mesmo quando bagunçada. rsrs Já o desapego é algo que praticamos muito na família. Muitas roupas da Zoe vieram dos filhos da Ka, e muitas coisas já mandei pro Arthur, filho do Karin. E toda semana separo muitas coisas que divido, algumas mando para leilões beneficentes, para ONGs, para minhas amigas, minhas primas…
Manu: Você é acumuladora ou pratica a arte do desapego?
Sabrina: Sempre praticamos o desapego, mas, depois do “Desapegue Se For Capaz”, ficou mais frequente. Aprendi com o programa a enxergar novas possibilidades de desapego, com a Micaela Góes e a Gabi de Matos me conscientizei ainda mais sobre a importância do desprendimento e também da economia circular. É impressionante a quantidade de coisas que guardamos e às vezes nem lembramos ter.
Manu: O programa já está na segunda temporada, ou seja, muitas histórias para contar. Teve algum aprendizado? Um episódio que te marcou?
Sabrina: Cada episódio traz uma família diferente, com histórias diferentes. Eu sempre me emociono, porque por trás daqueles objetos tem sempre alguma lembrança, algum medo ou trauma, que faz com que aquela pessoa não se desfaça daquilo. E que por vezes atrapalha a vida dela…Por exemplo, no último episódio da primeira temporada (que está disponível no Globoplay), o casal Takano vivia em casas separadas. Porque a Olívia não aguentava a bagunça que era a casa do Rafael. Já na segunda temporada, conheci a família Fávaro, em que o Israel faz um trabalho lindo ajudando pessoas com dificuldades financeiras com doações. Mas acabou esquecendo de cuidar dele mesmo e da casa que vive com a família.
Manu: Você é uma das maiores referências de estilo do Brasil, como faz para organizar as roupas no seu closet? Tem alguma dica?
Sabrina: Confesso que não é sempre que ele está organizado. rsrs… Mas é um processo diário. Minha estratégia é deixar as coisas sempre no lugar, classificando minhas roupas, sapatos, vestidos e acessórios por partes, porque facilita a minha visualização. Uso caixas, etiquetas e divisórias que me ajudam muito! Outra questão super importante é se perguntar se você realmente usa ou precisa daquela peça que está parada há anos no armário, se ela ainda está em bom estado e se faz sentido continuar ali. Uma vez organizado, é importante manter a ordem.
Manu: Quando é a hora de começar a desapegar?
Sabrina: A decisão de começar a desapegar é muito pessoal, mas existem situações em que mudanças são ótimas oportunidades para se desprender de coisas de que você não precisa mais. O ato de desapegar precisa virar quase uma rotina. A gente aprende com o programa sobre novas funções e utilidades das peças ou também a prática da doação para que aquela peça possa ser significativa para outras pessoas. Essas mudanças são capazes de transformar realidades e despertar novos significados a tudo que possuímos. Além de desempenhar um papel importante na conservação do meio ambiente e na organização da nossa casa, ao reduzir a quantidade de itens, diminuímos a necessidade de produção e consumo excessivo.
Manu: Se apresentarem hoje uma proposta de desapego seria fácil ou sofrido? E em qual ambiente da casa você começa?
Sabrina: Começaria o desapego pelo escritório de casa. Como não é um dos ambientes que mais uso, com certeza tem coisas das quais eu poderia me desfazer. Esses cômodos que não usamos muito normalmente viram “depósito” de coisas sem uso. Por que não desapegar e dar um novo sentido para aquele espaço?
A existência humana é feita de ciclos. A vida é movimento. Ter coisas é tudo de bom… Mas melhor ainda é abrir espaço para…Possibilidades. Então que tal começar?
Para conhecer meu trabalho me segue no Instagram @marciaemanumullerarq
Bjs e até a próxima!