Toda casa tem uma história para contar
Um tête-à-tête com a maravilhosa Narcisa Tamborindeguy, que conta um pouco sobre como encara o conceito “lar”
O lar é o lugar mais importante do mundo, ele é o berço do nosso caráter, da nossa personalidade e dos nossos hábitos. Como ressalta o arquiteto Witold Rybczynski, a palavra “lar” reúne os significados de casa e família, de moradia e abrigo, de propriedade e afeição.
A decoração faz parte dessa apropriação espacial.
O lar precisa ter funcionalidade, beleza, alegria e história. Nos últimos anos, a decoração tem se tornado uma prática cada vez mais voltada para a verdadeira expressão da personalidade pessoal de uma maneira menos rígida e mais orgânica.
Ela tem aberto portas para a ressignificação de objetos de outras gerações, com destaque para experiências, coleções e achados de viagens. Não existe certo ou errado na hora de expor suas lembranças, o que vale é ser autêntico e despertar o que te torna único.
Vale misturar fragmentos de modo eclético ou destacar objetos que amamos em um cantinho especial, de modo a tornar a nossa casa única, uma extensão de nós mesmos.
Não há dúvida, um lar deve ter histórias para contar. Engraçadas então, melhor ainda.
Daí, nossa convidada de hoje é Narcisa Tamborindeguy, socialite, destaque da mídia, moradora do Chopin e, como ela mesmo se define, uma carioca de Copacabana.
Manu: Lar é aconchego…. Considera sua casa aconchegante?
Narcisa: Sim, moro há muito tempo no mesmo prédio, cercada do carinho da minha família e dos objetos que adquiri ao longo dos anos, tendo como companhia o Hotel Copacabana Palace, que faz 100 anos e considero o melhor hotel do mundo. E a vista maravilhosa da Praia de Copacabana.
Manu: Você é pura alegria! O que é para você ter uma casa alegre?
Narcisa: Uma casa alegre deve ter luz, ar, flores, crianças e deve estar sempre aberta para amigos e para a minha amada família e o meu querido Bento.
Manu: Qual é o seu cantinho favorito dentro de casa?
Narcisa: Gosto do meu quarto, onde ficam o meu armário, meu computador, minha cama, televisão. De lá posso olhar a piscina do Copacabana Palace, que considero a melhor do mundo. Amo ver a Princesinha do Mar, sorrindo para os passantes, turistas e banhistas.
Manu: Qual é a sua relação com a sua casa?
Narcisa: A relação com a minha casa tem muito a ver com a minha família, que sempre morou aqui, em Copacabana. Meu pai morreu cedo e minha mãe, minha irmã e eu permanecemos no mesmo prédio em apartamentos diferentes. É um sentimento visceral.
Manu: Sua decoração (casa) conta uma história? Se sim qual?
Narcisa: A decoração da minha casa conta a estória de quem eu sou. Muita cor e luz, muito espelho, quadros alegres, o mar e o céu entrando na sala. Muitas fotos espalhadas, e lindas orquídeas e lírios da Mybloom, sempre presentes, deixando a casa linda e perfumada.
Manu: Qual o tom da sua decoração?
Narcisa: Branco e laranja e almofadas com olho turco para espantar o mal olhado e trazer felicidade. Muito espelho para ampliar o espaço e a vista. No quarto gosto do branco, pois esta cor me dá paz.
Manu: A sua decoração se conecta com você? Ela imprime sua personalidade?
Narcisa: Sim, sou uma pessoa alegre, extrovertida, que gosta de receber a família e os amigos. As cores claras, quadros coloridos e os espelhos onde me vejo em diferentes ângulos – afinal me chamo Narcisa – e reflete também a praia de Copacabana, a mais linda do mundo.
Manu: Seu apartamento tem vista para o hotel Copacabana Palace. Tem uma história engraçada para contar?
Narcisa: O Copa já me salvou em muitas ocasiões. Nado quando estou estressada ou cansada, faço ginástica, frequento festas e eventos e onde, quando minha casa está bagunçada, recebo amigos para almoço. Tenho também binóculo e megafone para dar um alô aos amigos como o Jô Soares. “Jô, eu te amo! Pode levantar que já vi que é você ”. Não escapou. Nem o Sting, nem o Bono do U2.
Como designer de interiores, me alinho com os que acham que decorar é, com a mediação de objetos, conferir sentidos a um lugar, tornando-o mais significativo que um simples abrigo. É tornar público o modo privado de ser de cada indivíduo, é apropriar-se do espaço, submetendo-o aos desígnios de quem o habita, de forma que o reflita tal qual um espelho a sua imagem e semelhança.
Parte da história da vida das pessoas está escrita na decoração do seu lar. A escolha de estilos, cores, composições e peças oferece pistas sobre os traços da personalidade dos moradores de uma casa.
E quem sabe, então, como escreveu o grande poeta Chico Buarque, na letra de sua música “Futuros Amantes”
“O Rio será Alguma cidade submersa
Os escafandristas virão
Explorar sua casa
Seu quarto, suas coisas
Sua alma, desvãos
Sábios em vão
Tentarão decifrar
O eco de antigas palavras”