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Manual de Sobrevivência no século XXI

Por Analice Gigliotti, Elizabeth Carneiro e Sabrina Presman Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Psiquiatria
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O perigo da compra compulsiva

De impulso ou planejadas, parceladas ou à vista, caras ou baratas, o fato é que a conta das compras sempre chega

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Atualizado em 20 mar 2020, 17h12 - Publicado em 7 fev 2020, 16h40
É no começo do ano que as contas chegam (Jill Wellington from Pixabay/pixabay)
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Todo ano é a mesma coisa: dezembro vem trazendo o calor, as confraternizações, os panetones e… as compras! Poucos conseguem escapar da maratona para dar conta dos presentes da família, a “lembrancinha” para os conhecidos e os inescapáveis amigos ocultos. De impulso ou planejadas, parceladas ou à vista, caras ou baratas, o fato é que a conta das compras sempre chega. O cartão de crédito da bonança de Natal costuma aparecer nesta época, entre 30 e 45 dias depois da euforia das festas, em que muita gente olha para a fatura do cartão de crédito e se pergunta: e agora, como é que eu vou pagar isso?

Mas o que diferencia um comprador compulsivo das demais pessoas? De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a compra compulsiva – ou oniomania – é um Transtorno do Controle do Impulso, ou seja, a incapacidade de resistir a um instinto ou desejo de realizar um ato que é prejudicial ao próprio indivíduo ou outras pessoas. O compulsivo disfarça sua doença se satisfazendo com presentear o outro. Portanto, o lado cruel da compra de Natal é que, neste período, a gastança parece estar “autorizada” pelo clima de festa.

Alguns dos sintomas do transtorno são perda de controle sobre o ato de comprar e sobre o valor gasto nas compras, tentativas fracassadas de reduzir ou controlar as compras, gastar dinheiro para lidar com angústia ou outra emoção negativa. Invariavelmente, esse comportamento leva a problemas financeiros, como falência ou endividamento, e uma sucessão de mentiras para familiares e amigos para encobrir o descontrole no orçamento.

Segundo pesquisa da Confederação Nacional do Comércio (CNC), o percentual de famílias endividadas no Brasil no final do ano passado era de 65,6%, número bastante elevado. O cartão de crédito é o principal tipo de dívida do brasileiro, sendo apontado por 79,8% das famílias devedoras. Cerca de 30% da renda das famílias está comprometidas com dívidas.

Não são poucas as pessoas que aparecem nos consultórios em busca de ajuda, desesperadas com uma bola de neve financeira. Um comprador compulsivo precisa de acompanhamento psiquiátrico individual, auxílio na organização das finanças pessoais e das dívidas e, muitas vezes, acompanhamento familiar.

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E aos compradores não-compulsivos mas que não resistem a uma “promoção imperdível”, fica a dica: responda a três questões básicas antes de uma compra. Eu preciso disso? Eu posso comprar isso? Eu devo comprar isso? Você vai descobrir que, na maioria dos casos, está comprando por impulso. Faça o teste!

Elizabeth Carneiro é psicóloga supervisora do Setor de Dependência Química e Outros Transtornos do Impulso da Santa Casa do Rio, especialista em Psicoterapia Breve e Terapia Familiar Sistêmica, diretora do Espaço Clif de Psiquiatria e Dependência Química e treinadora oficial pela Universidade do Novo México em Entrevista Motivacional.

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