Na TV, já participou de novelas como Amor Eterno Amor, Guerra dos Sexos e Avenida Brasil. Encanta crianças de hospitais do Rio há 13 anos como o besteirologista Doutor Tróty G. Nhóqui, do grupo Doutores Palhaços (ex-Doutores da Alegria). Estuda as mais diversas expressões do corpo em aulas de kung-fu, capoeira e mímica. Mas, recentemente, é no teatro infantil que o seu talento está em evidência (área que já lhe conferiu o prêmio Zilka Sallaberry de melhor ator em 2008).
Roteirista e ator da montagem A Cozinheira, o Bebê e a Dona do Restaurante, criada pela Cia. do Gesto em 2012, Ademir de Souza dá um show como um misterioso maestro. No fundo do palco, em uma espécie de banca de feira, ele confere ritmo de desenho animado à história sem diálogo, com instrumentos manuais, criados por ele e muito curiosos.
De volta ao circuito, no Teatro Glauce Rocha, aos sábados e domingos, às 16h, a peça tem direção de Luis Igreja e aborda a conturbada relação entre Cozinheira (Tania Gollnick) e Dona do Restaurante (Cecília Ripoll), complicada pelo aparecimento de um bebê.
‘Por baixo dos panos’:
Idade: 56 anos
Bairro onde nasceu: Liberdade, São Paulo
Bairro onde mora: Botafogo, Rio
Formação: EAD (Escola de Arte Dramática – ECA / USP), em São Paulo.
Trabalhos além-coxias: Como sou técnico em desenho de comunicação, já fui desenhista da TELESP (Telefônica de São Paulo)… Mas já fui office-boy (meu primeiro emprego), vendedor de assinaturas da VEJA e da EXAME… Ih… faz tempo!
Tempo de Cia do Gesto: Desde sua formação, em 1986. Entrei para substituir um ator (Milton Quadros) na primeira montagem da Cia: “Os Clowns”. Cheguei na Cia através de um amigo, na época, com quem tinha acabado de trabalhar. Fazíamos um espetáculo chamado “Laços”, de Ronald Laing. Como havia a necessidade da substituição, ele me apresentou ao Dácio Lima!
Outros grupos teatrais: Comecei a fazer teatro em 1978 com um grupo de São Paulo chamado Vivará. Logo em seguida, entrei para a Escola de Arte Dramática, depois vim para o Rio fazer “Laços” e pronto: Companhia do Gesto!
Processo de construção dos objetos musicais da A Cozinheira, o Bebê e a Dona do Restaurante: Foi, a princípio, um pouco assustador! Quando o diretor, Luis Igreja, fez a proposta de seguirmos por este caminho, senti um misto de medo de não conseguir e um tanto de provocação pelo desafio. A ideia era muito instigante, não podia fugir dela! A partir daí, tudo, em todo lugar, para mim, virou objeto de estudo sonoro! Qualquer coisa que eu encontrava pela minha frente, em qualquer lugar, eu apertava, chacoalhava, batia, esfregava, arranhava… enfim, o que podia, levava pra casa, comprava, pedia emprestado…qualquer coisa! Consequentemente, minha mochila vivia sempre repleta de coisas que produziam barulhos, os mais inusitados e, algumas vezes, em lugares inconvenientes…!
Usei diversos materiais: canos de PVC, lâminas de estilete, cabaça de berimbau, baldes, canos de ferro, fita crepe, arame, tampa de panela, etc. A ideia era: esta cena precisa de um determinado som, se já não existe pronto (como instrumento ou coisa), tenho que criá-lo!
O espetáculo teve um ano de preparação. A criação desses objetos foi seguindo junto com o processo dos ensaios. Não tenho certeza do quanto demorou exatamente porque, paralelamente a esta pesquisa, eu também fazia os adereços (quase enlouqueci) e a confecção do bebê (levou um certo tempo). Pra dizer a verdade, acho que ainda poderia fazer mais coisas. Quando estamos em cartaz, sempre imagino outros sons sendo agregados.
Origem da musicalidade: Ah, isso eu não sei. Da vida! Toco um pouco de violão, mas não me considero um músico. No teatro, todos nós sempre temos um pouco de musicalidade, faz parte da profissão. Neste período, eu dei um pouco mais de ênfase na minha.
Quando você trabalha um personagem,você tem que se abrir pra ele, pra que ele aconteça verdadeiramente. Foi o que eu fiz com este personagem, o Sonoplasta, permiti que ele surgisse com toda sua musicalidade, é isso…