À frente do clássico A Bruxinha que Era Boa, em cartaz no teatro O Tablado até 31 de agosto, a atriz, autora, diretora e professora de teatro Cacá Mourthé acerta mais uma vez. Sobrinha de Maria Clara Machado, ela tem sob seu comando uma coleção de boas peças infantis, a exemplo de Pluft, o Fantasminha, que lotou o mesmo teatro durante toda a temporada no final do ano passado.
Abaixo, vocês conferem o papo que batemos com ela sobre a remontagem, que já foi encenada por lá em 1958 e 1999 (tendo Cacá na direção) e agora chega completamente repaginada (com direito a bambolês de led é tudo!).
Teve algum motivo especial para a remontagem deste texto?
Há muitos anos a Bruxinha não era montada. Tem uma geração inteira que não conhece o texto, então achei que já estava na hora.
Quais as suas recordações da montagem de 1999?
Na época, Debora Lamm fez a Bruxa Caolha e estava começando junto com Viviana Rocha (bruxinha Ângela- principal). Tínhamos dois veteranos, Guida Vianna, a Bruxa Instrutora, e Luiz Carlos Tourinho, nosso querido Piu Piu, fazendo o Vice Bruxo. Fizemos uma montagem clássica com cenário e figurinos de Anna Letycia.
Naquele ano (1999), atores da mídia interpretaram alguns papéis. Por que nesta foi mantida a exclusividade para os da casa?
Por vontade de ensinar e renovar.
Como foi o processo de seleção do elenco?
Ano passado montamos Pluft, o Fantasminha no O Tablado com um elenco maravilhoso de atores que estudaram lá – Claudia Abreu, José Lavigne, Maria Clara Gueiros, Miriam Freeland, Sérgio Maciel, Pedro Kosovski e João Sant’Anna. Minhas atuais bruxinhas foram as contrarregras do Pluft, exceto Diana Herzog e o João Sant’Anna. Gosto desse teatro completo onde o ator faz de tudo. Acredito nisso como um grande aprendizado.
Poderia falar um pouco sobre a rotina de ensaios?
Foram dois meses de ensaio com uma carga horária de 4 a 5 horas por dia, incluindo interpretação, canto e coreografia.
Como se deu a conversa entre cenógrafos, iluminadores, músicos e os outros profissionais envolvidos para que a estética ficasse bem amarrada ao texto?
Pedi às meninas do elenco para me trazerem referências de bruxas, do que elas achavam de suas personagens. Elas trouxeram várias sugestões bem distantes da bruxa tradicional. Chamei Lídia Kosovski para o cenário e figurino e conversamos bastante. Depois de alguns dias, a Lídia nos trouxe o desenho do cenário e os croquis. Claro que as referências estavam lá junto à genialidade da Lídia. No cenário vemos formas redondas como bambolês.
Quando dei uma festa para o Pluft, as então contrarregras da peça trouxeram seus bambolês e fizeram um grande torneio. Na época já estava pensando em montar A Bruxinha e pensei em bruxinhas brincando com bambolês e, para fechar, Fernando do Val, o produtor, encontrou uns bambolês de led em Nova York e mandou trazer.
Por falar em músicos, a banda é ótima! Quem são os meninos?
São meninos fantásticos e que tocam muito. O Lucas (teclado) é neto do João Sérgio Nunes, que foi o primeiro presidente do Tablado. O Vicente Barroso foi meu aluno e é filho da atriz Ana Barroso, que também passou pelo Tablado. O André Shalub (bateria) é amigo da galera e entrou no barco. Dia 29 de março eles farão um show no O Tablado.
Assim como A Bruxinha, muitos textos infantis têm chegado ao teatro de forma mais tecnológica, com luzes e projeções. Como preservar o lúdico dentro dessas repaginações?
Não perdendo nem o humor e nem a poesia.
O que não pode faltar nas suas montagens infantis?
Paixão.
Está envolvida com o que atualmente e o que planeja para os próximos anos?
No momento estou terminando de escrever o roteiro do filme Pluft, junto com José Lavigne e a Rosane Svartman. E no segundo semestre vou dirigir um texto inédito. E continuarei a dar as minhas aulas no O Tablado.