O último fim de semana foi marcado pela primeira edição da Micareta Rio. O primeiro grande evento LGBTQIA+ depois da votação na Comissão de Previdência, Assistência Social, Infância, Adolescência e Família da Câmara do Projeto de Lei que proíbe o casamento homoafetivo virou palco para o assunto.
Forte ativista dos direitos LGBTQIA+, com presença física em grandes marcos dessa luta, Daniela Mercury foi uma das artistas que se manifestou na Sapucaí. Em cima do trio elétrico, fez questão de ressaltar que o direito adquirido através de decisões do Supremo Tribunal Federal e Conselho Nacional de Justiça é inquestionável: “Se questionamos isso, questionamos a própria democracia. O legislativo não pode legislar o autoritarismo e tem que respeitar a Carta Magna da Constituição Brasileira”.
Durante a entrevista coletiva que a artista concedeu antes de sua apresentação que comemorou os 40 anos de carreira, questionada pela coluna sobre a importância de pessoas públicas se posicionarem contra essa absurda tentativa de retirada de direitos, foi enfática. “Acho que é coerente com quem lida com a comunidade, com quem é amada por esse público, como as divas são. Isso deveria inclusive vir de todos os artistas que têm consciência. Nós, artistas, somos super poderosos na sociedade civil. Por isso, se temos chance de passar mensagens, de nos comprometermos publicamente e convidar as pessoas a refletirem sobre os assuntos, isso é mais que necessário”, comentou.
Outra artista que aproveitou o show para criticar a votação foi Alinne Rosa: “Esse não é o país que a gente quer. A gente quer o país do amor, o país do respeito, o país onde todo mundo é igual”. Mari Antunes, que fez último show com o Babado Novo antes do nascimento de sua filha, também falou a respeito com a coluna. “Tem tanta coisa acontecendo, cada dia com notícias tão terríveis… A humanidade está precisando de amor, de empatia ao próximo. Já estava tudo certo e o amor estava aí prevalecendo. A gente fica triste com todo esse retrocesso”, comentou.
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Além de Daniela Mercury, outros dois artistas do line up principal de shows são da comunidade LGBTQIA+. Enquanto Pedro Sampaio não falou sobre o assunto, já que sua assessoria de imprensa proibiu qualquer pergunta sobre vida pessoal (Pedro se assumiu bissexual no início deste ano), Gloria Groove se disse frustrada com a situação: “Em pleno 2023, a gente ter que estar falando sobre eliminação de direitos, sobre um retrocesso tão grande… Mas eu acredito que a Constituição será respeitada e a justiça vai fazer o que é certo, para que nossos direitos sejam garantidos. Meu sonho é viver um país que abraça a minha família e entende os meus direitos”.
Headliners do evento, Claudia Leitte e Ivete Sangalo também conversaram sobre a tentativa de proibição do casamento homoafetivo com exclusividade com a coluna. Ivete, que na época da votação já havia se manifestado a respeito nas redes sociais, criticou a tentativa de retirada de um direito da comunidade. “Isso é algo estabelecido. Eu acho um retrocesso você ter direitos de liberdade e voltar atrás. Isso envolve respeito e ponto final. E respeito é isso aí, tem que ser mantido”, afirmou a artista, que se mostrou sempre disponível para falar publicamente sobre o assunto: “Porque eu acredito nisso”. Já Claudia Leitte destacou a importância da inclusão das pessoas LGBTQIA+ na sociedade: “Eu acredito na liberdade do indivíduo. Eu acredito que cada um é dono de suas escolhas, e a gente precisa lutar para que as pessoas sejam incluídas cada vez mais e tenham liberdade para fazer o que elas querem da vida delas”.