Transformar o mundo através da força do turismo. Essa foi a principal mensagem da Convenção Global da IGLTA, que aconteceu entre os dias 04 e 07 de outubro, em Porto Rico. A escolha do local para sediar o evento não foi por acaso já que a principal entidade do turismo LGBTQIA+ no mundo está empenhada em levar o debate para novos mercados.
No ano em que o evento de negócios e conhecimento mais forte deste segmento turístico chegou ao seu 40º aniversário a IGLTA mostrou especial empenho em começar a promover o turismo LGBTQIA+ em mercados aonde precisa ser ampliado. Para isso, além de uma série de eventos menores e ações específicas, está levando sua convenção para regiões do mundo onde ainda há resistência aos direitos da comunidade.
Porto Rico é uma bolha no Caribe nesse assunto. Desde 2015 o governo local legalizou o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Três anos depois foi a vez de garantir a modificação no registro civil de acordo com a identidade de gênero.
“Óbvio que Porto Rico ainda quer continuar avançando. Há cinco anos atrás não tínhamos nenhuma estratégia para atrair os turistas LGBTQIA+, mesmo sabendo que somos o tipo de produto que eles procuram. Então, primeiro nos tornamos membro da IGLTA e começamos a pesquisar sobre o mercado e como atraí-los. A parte mais importante desse trabalho foi sediar essa convenção, que mostra o nosso comprometimento com a inclusão”, explicou Leah Chandler, Diretora de Marketing do Discover Puerto Rico.
Mas a maioria dos países da região ainda adotam leis discriminatórias ou não asseguram direitos da comunidade queer. Por isso, John Tanzella, Presidente e CEO da IGLTA destacou a importância da Convenção Global acontecer em terras caribenhas: “O que fez dessa edição especial, para além da comemoração dos nossos 40 anos, é estar em uma região do mundo que não é tão receptiva para turistas LGBTQIA+. Claro que Porto Rico é acolhedora, mas há diferentes áreas no Caribe que não são abertas para a nossa comunidade”.
E o resultado foi impressionante, com recorde de participantes. Foram 715 inscritos de 34 países diferentes, alguns de lugares que ainda criminalizam pessoas LGBTQIA+. A expectativa agora é aumentar ainda mais esses números no próximo anos, quando a Ásia receberá pela primeira vez a convenção em Osaka (Japão), entre 23 e 26 de outubro.
“Estamos muito empolgados em ter nossa primeira convenção na Ásia porque o nível de interesse em conhecimento sobre diversidade no mercado de turismo está crescendo no continente. Osaka já está trabalhando conosco há alguns anos, então entendemos que era a hora de levar nosso evento para o Japão”, explica Tanzella.
Para Jonathan Lucas, do departamento de MICE do Osaka Convention & Tourism Bureau, será uma oportunidade de ampliar o número de turistas queer do mundo que conhecerão o país: “Nos tornamos membros da IGLTA em 2018 e percebemos que essa convenção é uma coisa incrível. Teremos a chance de mostrar como o Japão está se tornando mais progressista, além do quanto somos seguros e acolhedores”.
Em comparação com os vizinhos asiáticos o Japão apresenta mais garantias para a comunidade. A atividade sexual entre pessoas do mesmo sexo é legalizada desde 1880, mesmo assim pessoas LGBTQIA+ não tem igualdade jurídica total. Um exemplo é que o casamento homoafetivo não é permitido.
A ideia de levar a Convenção Global da IGLTA para essas regiões é justamente provocar o debate e através do turismo conseguir ampliar a garantia de direitos da comunidade LGBTQIA+.
O jornalista viajou para a convenção a convite da Accor Hotels