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Otavio Furtado

Por Otavio Furtado, jornalista especializado em pautas LGBTQIA+ Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Rio LGBTQIA+
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Especialista critica conversa entre Tadeu e Vinícius no BBB 24

Conversa no confessionário amplia falha da produção e escancara capacitismo no BBB

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Atualizado em 10 jan 2024, 17h05 - Publicado em 10 jan 2024, 16h30
Capacitismo no BBB24 vira assunto nas redes sociais
 (Reprodução/TV Globo)
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Com menos de três dias no ar o BBB 24 já enfrenta sua primeira crise. Logo na prova do líder, feita no mesmo dia da estreia do reality, a participação de Vinicius Rodrigues foi prejudicada por uma falha da produção. A repercussão nas redes sociais apontou o capacistimo no BBB (nome dado ao preconceito às pessoas com deficiência) e a solução encontrada pela produção do programa para se explicar conseguiu piorar ainda mais a situação.

A cena aconteceu quando a transmissão ainda estava acontecendo na TV Globo, com maior audiência. Vinicius teve que retirar a sua prótese para cumprir parte do trajeto da prova de resistência já que a mesma não pode ser molhada. O fato se repetiu em outra rodada antes que a direção falasse com o participante dando a opção de trocar a prótese por uma que possa entra em contato com líquido sem risco de estragar.

A repercussão foi imediata nas redes sociais, inclusive com muita gente acusando a produção da TV Globo de não ter se preparado por completo para receber uma pessoa com deficiência no programa. Esta é apenas a segunda vez que um PCD participa do reality (Marinalva de Almeida, também atleta paralímpica, participou do BBB17).

Vinicius Rodrigues é participante PCD do BBB 24
Em 24 edições, Vinicius é apenas a segunda pessoa com deficiência a participar do Big Brother Brasil (Reprodução/Instagram)

Pedro França, jornalista e apresentador do videocast PCDPOD  acredita que o erro cometido é um reflexo da falta de pessoas com deficiência na produção: “É preciso ter pessoas que representem esse grupo em toda a estrutura”. Ele chamou a atenção ainda que com o faturamento do programa (o Big Brother Brasil é o produto mais lucrativo da Globo) poderiam ter contratado ao menos uma consultoria e destaca: “Não basta apenas incluir uma pessoa com deficiência no elenco”.

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Em outro momento, um outro participante – Maycon Cosmer – sugeriu colocar apelido na perna amputada do atleta paralímpico. Na redes sociais a equipe que está cuidando da comunicação do cozinheiro escolar afirmou que o mesmo “terá a oportunidade de refletir suas falas e ações e perceber que pode evoluir e aprimorar seu desempenho pessoal”.

No programa que foi ao ar ontem (09/01) na Globo, o apresentador Tadeu Schmidt falou a respeito e mostrou a cena em que a produção conversa com o participante durante a prova para dar a possibilidade de troca da prótese. Contudo, a solução encontrada para justificar o erro acabou piorando a situação.

O apresentador chamou Vinicius para uma conversa, mas a edição não mostra em nenhum momento Tadeu deixando claro o motivo do papo. Inclusive inicia pedido apenas que o atleta paralímpico falasse da sua impressão sobre a prova. Ao longo da troca Schmidt não assume o erro da produção em não avisar o participante a necessidade do uso de uma prótese adequada e dirige a conversa para falar sobre capacitismo, mas de uma maneira superficial.

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“É um assunto novo pra muita gente. Muita gente não sabe o que pode falar”, justificou Tadeu Schmidt em referência a fala de Maycon. O medalhista de prata em Tóquio 2020 visivelmente desconfortável respondeu que brincou pra quebrar o “clima chato”. Para Pedro essa fala do apresentador chancela o discurso capacitista: “Que o Maycon tenha questões de desconhecimento sobre pessoas com deficiência vá lá, mas o Tadeu com seu discurso perdoa o capacitismo pela ignorância”.

França ainda critica o fato da conversa não ter acontecido na frente dos outros participantes, como na edição anterior quando houve transfobia, e também a postura do apresentador ao afirmar “nós estamos aqui para aprender juntos”. Para o jornalista é preciso um letramento de toda a produção antes do programa ir ao ar. “Não é pra ir aprendendo ao longo do caminho. A gente tá falando da Globo, uma emissora que tem muito dinheiro pra poder se preparar”, analisa.

Pedro França, apresentador do PCDPOD
Apresentador do PCDPOD, jornalista Pedro França acha que conversa de Tadeu com Vinicius foi um erro e capacitista (Divulgação/Divulgação)
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Ele acha que provavelmente não teremos outro PCD participando da próxima edição: “A Globo já deve estar sentindo o peso desse despreparo. Além disso, eles têm uma dificuldade em perpetuar mudanças que deveriam estar aplicadas em todas as edições. Um exemplo é que tivemos uma pessoas trans no BBB passado e nesse não temos”.

Questionado se o episódio pode servir para ampliar o debate sobre capacitismo, Pedro é enfático: “Não dá pra negar a importância das discussões que já foram suscitadas ali dentro. O Big Brother é uma vitrine importante. Mas, por mais que a gente esteja discutindo agora a questão das pessoas com deficiência, muita gente ainda vai continuar rindo da expressão capacitista do Maycon, porque existe um lugar de uma desculpa para a ignorância”.

Mesmo assim o especialista acha importante que o Big Brother Brasil volte a tocar no assunto com uma fala mais ampla e  melhor estrutura. “A diversidade e inclusão não poder ser uma prática alegórica”, finaliza.

Procurada pela coluna, a assessoria de imprensa do Big Brother Brasil ainda não respondeu aos questionamentos. Se for feito a matéria será atualizada.

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