Durante a ABAV Expo, realizada no Riocentro no final de semana passada, o espaço para debates – ABAV Talks – abriu espaço para um bate papo sobre boas práticas para o turismo LGBTQIA+. O encontro mediado por Clovis Casemiro, da IGLTA (principal entidade do turismo LGBT no mundo), teve a participação de Carlos Tufvesson, da CEDS-Rio, e Pablo de Luca, da Câmara LGBT da Argentina.
O principal tema abordado foi a importância de políticas públicas de proteção da comunidade queer como maior atrativo para os turistas desse segmento. Tufvesson lembrou que os destinos com esse tipo de garantia são os mais procurados pelos viajantes LGBTQIA+ e destacou a lei municipal que garante que qualquer estabelecimento comercial que se envolver em casos de LGBTfobia pode ter seu alvará de funcionamento caçado.
Com um trabalho sólido voltado para o segmento há mais de 10 anos, o representante da Câmara LGBT da Argentina usou como exemplo a lei de 2010 que garantiu o casamento homoafetivo no país como propulsor para o trabalho em busca do turista LGBTQIA+. “A lei do casamento gay foi uma virada de chave na Argentina. O respaldo da lei tornou o trabalho mais sólido”, contou Pablo.
Tufvesson lembrou que o Rio de Janeiro já era um destino muito procurado pela comunidade, mas o trabalho do poder público amplia o alcance e a promoção do destino: “O Rio virou um destino LGBT de uma maneira natural, nunca foi planejado. O poder público quando viu esse turismo acontecendo começou a tomar conta da recepção”.
Para ele a entrada da cidade no circuito mundial de festas eletrônicas voltadas para esse segmento foi parte importante para a divulgação orgânica do Rio de Janeiro. O que se comprova por pesquisa da IGLTA que afirma que a maior parte do turista LGBTQIA+ acaba conhecendo um destino quando viaja para um evento.
Os números são atrativos, já que pesquisa realizada pela Prefeitura do Rio aponta que o gasto per capita é 3,5 vezes maior e a permanência do turista na cidade 2,7 vezes maior quando comparado ao turista que não pertence a comunidade.
Por conta disso Carlos entende que os turistas devem buscar apenas destinos acolhedores. “Não vou gastar meu dinheiro em nenhum destino que tem leis contra os nossos direitos, que tem política públicas contra a gente. Se eu não sou bem vindo em um lugar eu não vou”, defendeu.