O convite para escrever um livro de memórias fez Pedro Pacífico, mais conhecido como Bookster, sair da zona de conforto de ser um dos principais influenciadores literários do Brasil e estar do outro lado como autor. Mas “Trinta Segundos Sem Pensar no Medo” é ainda um desafio maior já que logo na estreia Pedro decidiu sair do armário.
Quem o acompanha nas redes sociais já conhece sua sexualidade, mas ao trazer memórias de sua jornada pessoal e sua história com a literatura para as páginas do livro, o processo de autoaceitação não poderia ficar de fora. Por isso mesmo, sair do armário em sua estreia como autor se tornou ponto principal da obra.
“Cresci numa bolha tradicional onde todo mundo é igual e quem é diferente tinha que se encaixar no padrão. Através da literatura descobri a diversidade e isso foi fundamental para a aceitação da minha sexualidade”, explica Pedro.
O medo de como seria a aceitação do público fez que o lançamento de seu perfil nas redes sociais de indicação de livros fosse de forma anônima. Por conta de sua profissão de advogado se escondeu no codinome Bookster, mas já havia ali também temor por sua sexualidade. “Eu namorava uma mulher na época e tinha uma insegurança principalmente relacionada a minha sexualidade. Pensava se iam me expor por ser gay”, lembra.
O “outing” nas redes sociais há dois anos e meio causou preocupação de familiares e fez seu perfil nas redes perder seguidores – “Na verdade até hoje quanto posto algo relacionando a minha sexualidade acabo perdendo seguidores. É triste perceber que isso ainda acontece”. Mas também trouxe retornos positivos de anônimos e pessoas próximas que o encorajou a seguir em frente.
“Dedico esse livro ao meu padrinho, entre outras coisas porque foi uma pessoa que viveu muito tempo dentro do armário. Ver que minha família começou a falar com ele sobre esse assunto depois do lançamento do livro, além das muitas mensagens de carinho que recebo de leitores, acaba ocultando a parte negativa”
A insegurança ao sair do armário nas redes sociais voltou ao rascunhar o livro, mas foi incentivado pelo primeiro leitor, seu namorado: “Ele me disse que se identificou muito com o livro e é isso que estou buscando. Que pessoas possam ter em mim a referência que não tive sobre ser gay e não ser caricato (como aparecia na TV antigamente). Que gays pode ser qualquer coisa, como advogado e autor, por exemplo”.
É exatamente esse lugar que Pedro Pacífico espera alcançar junto ao leitor e seus seguidores. Ao recordar seu processo de aceitação e como a literatura foi importante para tirar as amarras, convida quem estiver em contato com a sua obra a celebrar a diversidade.