A busca por um ambiente mais inclusivo e acolhedor é prioridade para pessoas LGBTQIA+ no Brasil. A pesquisa “LGBT+ Inclusion @ Work Survey”, realizado pela Deloitte, mostrou que 85% levam em consideração o compromisso interno da empresa com a com a causa na hora de buscar por uma nova posição.
Insatisfeitos com onde trabalham, 42% dos profissionais brasileiros queer têm intenção de trocar de emprego em busca de organizações mais inclusivas. Essa rotatividade desses profissionais gera R$ 1,4 bilhão de prejuízo para as empresas brasileiras, conforme mostrei em outra matéria (clique para seaber mais).
Outro anseio desses profissionais (86%) é a possibilidade de participar de iniciativas de inclusão no trabalho, especialmente os das gerações Z (nascidos entre 1997 e 201) e Milennial (nascidos entre 1980 e 1996). Já os profissionais mais velhos, da geração X (nascidos entre 1960 e 1979), acreditam que a demonstração externa de compromisso com a inclusão LGBTQIA+ é mais importante que qualquer outra atitude.
“Criar um ambiente acolhedor e inclusivo é cada vez mais urgente e benéfico para as empresas e sociedade. Não há como construir essa jornada de inclusão sem o apoio legitimo dos gestores”, analisa Angela Castro, sócia e líder da estratégia de diversidade ALL IN da Deloitte.
Mesmo assim, o cenário sobre “sair do armário” no ambiente de trabalho está alcançado índices mais positivos. Quase meta dos entrevistados (47%) se sente à vontade para falar sobre sua orientação sexual no ambiente de trabalho e outros 39% se sentem à vontade para falar apenas com algumas pessoas com quem trabalha. A pesquisa mostrou ainda que ter um aliado na luta pela igualdade é um fator importante para assumir a orientação sexual (78%) e a identidade de gênero (84%) no ambiente corporativo.
Questionados sobre o que os impede de se sentirem confortáveis ao assumirem a identidade de gênero e a orientação sexual no ambiente de trabalho, 44% citam preocupações com o tratamento diferenciado e 42% mencionam medo de ter um tratamento desrespeitoso. Isso se explica por 57% já terem vivenciado comportamentos não inclusivos, sendo as atitudes mais comuns comentários ou piadas indesejadas de natureza sexual (45%) e comentários depreciativos ou desdenhosos sobre a identidade de gênero ou orientação sexual (29%).
A desconfiança com a empresa se revela quando 58% não relataram essas práticas ofensivas, principalmente porque temiam que a situação piorasse (44%). Cerca de um terço dos respondentes estava preocupado com o impacto negativo em sua carreira ou não acreditava que sua reclamação seria levada a sério.