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Otavio Furtado

Por Otavio Furtado, jornalista e consultor de diversidade & inclusão Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Exclusivo: Marco Pigossi fala sobre política migratória do governo Trump

Ator estreia o longa 'Maré Alta' em que vive um imigrante brasileiro ameaçado de deportação no próximo dia 20 de março

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14 mar 2025, 09h01
Marcos Pigossi estrela filme 'Maré Alta'
Ator falou com a coluna sobre como foi trabalhar com o marido, situação dos imigrantes nos EUA e atual cenário do cinema brasileiro (LD Entertainment/Divulgação)
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Na véspera da estreia do longa ‘Maré Alta’, onde interpreta o imigrante brasileiro Lourenço, Marco Pigossi conversou com exclusividade com a coluna sobre como foi trabalhar com o marido (Marco Calvani é diretor e roteirista do filme), a atual política migratória do governo Trump e o momento do cinema brasileiro.

O filme que estreia nos cinemas brasileiros no dia 20 de março acompanha a trajetória de Lourenço, que se muda para viver com o namorado nos Estados Unidos, mas vê seus sonhos de uma vida melhor ruírem ao ser perceber longe de casa, abandonado pelo parceiro e com o visto prestes a expirar. As incertezas de seu personagem ganham as telonas justamente em um momento que a política migratória do governo Trump se torna mais dura, que para Pigossi só aumenta a importância do enredo apresentado no longa.

Confira abaixo a entrevista:

Como sua experiência de vida de migrar para os Estados Unidos ajudou a compor o personagem?

Eu imigrei em situações muito diferentes do personagem, mais privilegiado, com trabalho e visto. Mas existe uma coisa que é universal quando a gente muda de país que é essa solidão. Você fica muito tempo sozinho até criar a sua rede de apoio. Essa insegurança de existir em um país que não é o seu ou de entender uma língua e uma cultura diferente. Ainda mais sendo um homem latino nos Estados Unidos é quase um ‘Dá licença, posso estar aqui?’. Isso foi muito importante de ter vivido para colocar no Lourenço essa sensação de vulnerabilidade que o personagem tem.

Como foi a experiência de gravar com seu marido?

A gente trabalhou nesse roteiro juntos durante muito tempo na fase burocrática. Mas durante o set são funções muito diferentes. O ator termina o dia e vai pra casa porque tem suas falas para decorar, precisa do silêncio e da concentração. Já o diretor não para nunca, ele está o dia todo resolvendo. Então a gente teve separado durante as filmagens. Os 18 dias que a gente filmou eu estava num hotel junto com elenco e ele em outro junto com a equipe. Foi uma relação de muita confiança, de muita parceria, mas também de muita responsabilidade. É o primeiro longa dele e o meu primeiro americano, então a gente queria muito que desse certo.

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Capa de matérias MV (21)
Longa foi primeiro filme americano do ator, que foi dirigido pelo marido Marco Calvani (LD Entertainment/Divulgação)

Estamos vivendo nesse momento uma perseguição aos imigrantes nos Estados Unidos. Como isso vai impactar na recepção do público?

A questão da imigração nos Estados Unidos sempre foi tratada com muita violência. A gente começou a desenvolver esse roteiro ainda era o primeiro governo do Trump, depois o partido Democrata, um pouco mais tranquilo. Mas agora veio o Trump com mais ódio e mais perseguição. Então o filme de torna ainda mais relevante. O filme é uma celebração do amor e da liberdade e acho que dentro de um regime que é opressor a resposta é exatamente o oposto.

Fico muito feliz em colocar ele nos cinemas neste momento em que a gente está vivendo. Quando a gente lê uma matéria de 5 mil brasileiros deportados é claro que a gente assusta. Mas quando você assiste um filme como ‘Maré Alta’ aquilo toca o seu coração. Você é capaz de sentir o que ele (personagem) está sentindo. Essa é a grande beleza do cinema e o objetivo: que as pessoas consigam ver e sentir o que ele está sentindo e criar esse senso empático e, talvez, fazer elas repensarem essa atitude violenta com o imigrante.

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Como tem sido a receptividade de um filme com temática LGBTQIA+?

O filme teve um lançamento restrito nos Estados Unidos, em seis grandes cidades onde existe uma liberdade maior. Acho que dependendo do lugar ele não seria tão bem recebido por se tratar de um romance gay. Mas o filme passeia por tantas outras questões bonitas. O que tenho visto na verdade são reações muito positivas de pessoas que não são da comunidade e que se envolvem com o personagem. A arte existe pra isso.

Como você está enxergando o atual momento do cinema brasileiro? Pretende fazer algum trabalho por aqui?

O cinema brasileiro vem vivendo um momento lindíssimo. Não só com o ‘Ainda Estou Aqui’, mas foi uma safra de filmes maravilhosos que rodaram festivais internacionais e trouxeram visibilidade. É um momento muito lindo de viver. A gente viveu a criminalização do cinema nos últimos quatro anos e nesse movimento a gente está vendo novamente uma união do público pelo artista.

Me deixa muito feliz participar desse momento, apesar de ‘Maré Alta’ não ser um produção nacional é um filme muito brasileiro. Mas também acabei de participar de dois filmes. Rodei um em novembro do Gustavo Vinagre e acabei de filmar na segunda de carnaval outro com a Gabriela Amaral. Vou estar sempre trabalhando com o cinema brasileiro, sou um fiel operário do cinema nacional.

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