Um dos fatores mais importantes para a prosperidade de um país é a Educação. E não é apenas o acesso de todas as crianças e jovens à qualquer Educação, mas a uma Educação de qualidade, uma Educação que aprimore o pensamento crítico, que instigue o pensamento inovador. Pregar a transmissão de um amontoado de conteúdos descontextualizados e que não podem ser questionados é um modo obsoleto de pensar a Educação. Algumas manifestações dos 4 últimos ministros da Educação e seus apaniguados, até agora, só mostraram uma visão medíocre e antiquada de escola.
No Brasil, infelizmente, a Educação não é considerada um fator primordial para o país, já que a população aceita escolas sem infraestrutura adequada e uma Educação Pública cuja qualidade deixa a desejar, sem manifestar indignação. Mas nos últimos anos, a Educação nunca foi tão prejudicada, entregue a pessoas despreparadas para um cargo de tamanha importância.
A desvalorização da Educação começa pelo presidente da República, que parece não fazer ideia de sua importância no desenvolvimento de uma nação. A Educação parece ser vista como inimiga, um ente estranho a ser desmontado, desconhecendo o que é conhecimento, pensamento, pesquisa e necessidade de pensamento inovador. Ou quem sabe é doloso e tratar da (des)Educação é uma arma política. Quanto menos se sabe, menos se é capaz de questionar. Com a acusação oca e inverídica de uma guerra cultural nas instituições que tratam de educação e cultura, ciência e tecnologia, assiste-se ao desmanche delas, iniciando com a entrega a pessoas ineptas para os cargos. É como um ressentimento de quem se sabe despreparado e necessita desqualificar quem possui vida intelectual intensa, fruto de estudo e trabalho.
O MEC vem sendo desmontado desde o começo do governo, com a pasta entregue a uma série de pessoas visivelmente inadequadas para o cargo. Um discurso tolo de combate a um “marxismo cultural”, um ente fantasioso, que parece provir da mesma fonte de ressentimentos, com desinformação e insultos contra professores, pesquisadores e autoridades nacionais e internacionais, procurando instalar um clima de desconfiança, desarticulação e incivilidade.
E agora mais um descalabro. Com manifestações de ideias preconceituosas inaceitáveis para quem lidera a educação no país, menosprezando a importância do novo Fundeb, a ser deliberado no Congresso, o ministério priorizou a discussão do homeschooling, que a grande maioria dos educadores reconhece como prejudicial para a educação de crianças. A atuação do MEC na pandemia foi desastrosa, não viabilizou a educação remota, sempre mais preocupado em demolir as instituições que cuidam da pesquisa e ciência no Brasil.
Agora, diante da surpreendente revelação da existência de um grupo sem vínculo oficial que trabalhava dentro do Ministério, gastando o dinheiro público de modo dúbio e funcionando como um gabinete paralelo para favorecer grupos religiosos, o ministro desistiu do cargo. Mas a população não chegou a mostrar indignação, o que é um grave indício de que infelizmente nos acostumamos a ser tratados com desrespeito.
Assistimos ao Ministério da Educação ter tão pouca importância quanto o Ministério da Saúde, pilares fundamentais de uma nação, liderados por pessoas despreparadas, a servir a projetos pessoais de quem se encontra no poder.
A Educação do país nunca foi tão mal tratada quanto nos últimos anos, em que a ignorância se tornou motivo de orgulho dos poderosos e se usa o dinheiro público em nome de religiosidade num país laico.
Quem reconhece a importância da Educação e trabalha cotidianamente para que as novas gerações construam um mundo melhor e mais justo, só não perde o ânimo porque acredita que, contra tudo e todos, vale a pena investir nas crianças e jovens. Vale a pena esperançar.